sábado, 13 de março de 2010

O vestibular e o namorado surpresa.

Saudades do mundo do blog, tentando voltar aos poucos. Correria danada, vida de concurseiro né mole não. Perdão aos parceiros blogueiros pelo sumiço, sinto faltas de escrever e principalmente de ler os escritos de vocês.

Espero estar mais presente nos proximos meses, pelo menos vou tentar.Abraços de leveza.
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Tinha 18 anos, estava na faculdade: farras, festas, bebida e claro, pouco estudo. Assim era minha vida no primeiro ano da faculdade de Música. Pois é, pra desespero geral da família eu escolhi Música, deixando os antepassados, papa-manuais de Direito, de queixo caído.

Estava namorando Camila, colega de faculdade que depois de muito tempo conseguiu me livrar da obsessão por Catarina. Depois da última vinda dela à Recife, episódio em que trouxe o namorado mala e mauricinho, eu resolvi criar vergonha na cara e desencanar. Tive relações despretensiosas até encontrar Camila. Namoro firme.

Catarina vinha à Recife prestar vestibular para Medicina, ia fazer em São Paulo e aqui. Sabia que ela era inteligente e passaria nos dois e obviamente escolheria São Paulo. Não sei o porquê de vir para cá. Até acho que sei: me atentar, ver se ainda exercia algum poder de sedução por esse babaca que vos escreve. Foi numa tarde de domingo no MSN que ela me comunicou: “chego aí em 10 de dezembro, vou fazer vestibular pra UFPE”.

Meu coração palpitou, o idiota, eu, ainda gostava dela, não conseguia me desligar por completo, falávamos sempre, mas eu ia tocando com Camila. Ela, Catarina estava solteira, havia um ano.
Chegou numa tarde de sexta, fomos a praia. Camila havia viajado para o Rio, encontrar os pais que moravam lá.

Catarina estava encantadoramente linda, ainda mais magra e formosa. Uns olhos miúdos escondidos pelos óculos de grau. Usava um vestido azul turquesa e ria como quem não via o mar a séculos. Pedi uma cerveja e ouvi ela pedir um refrigerante.

Por instantes esqueci-me da obsessão que sentia por ela e só conseguia lembrar das brincadeiras dos tempos de meninice, da alegria tola das crianças que se comprazem com um simples sorvete, banho de mangueira ou volta de bicicleta.

- Eu vou voltar pra Recife Tinho. Não aguento mais Sampa não.

- Como assim?

- É isso mesmo. Cansei daquela cidade doida, além do que...

- O que tem mais?

- Eu conheci uma pessoa em Sampa, ele é daqui de Recife, estamos namorando há 8 meses...

- Como assim? Você nem me contou

- É, na verdade ninguém sabe, nem papai e mamãe. Mas vamos fazervestibular pra cá e assim que passarmos viremos embora, dividir um apartamento.

- Sei. Que bacana

- Também tô feliz, vou voltar pra cá, pra perto dos meus verdadeiros amigos.

Enquanto dizia essas palavras apunhaladoras, a infeliz segurou minha mão e lançou-me um sorriso safado cheio de doçura. Vontade de deixar ela sozinha e ir embora, de abrir o jogo, de beijá-la, de xingá-la, tudo ao mesmo tempo. Mas fiquei parado, inerte, olhando pra ele sem dizer nada.

-Sim, mas agora vambora neh Tinho, tá ficando de noite já.