sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Uma jovem e seus botões

Este é um dialogo imaginário, de uma adolescente em crise com seus próprios botões juvenis.

- Quem é você- perguntam os botões
- Sou uma pessoa que gosta de rock, vodka e literatura... blá blá blá
-Isto é do que você gosta não quem é você. Novamente, quem é você?

- Sou uma pessoa simples, discreta, às vezes tento ser leve, mas sou estressada na maioria das vezes. Sou irônica, sarcástica...
-Isto são características suas. Parte de um todo. É um recorte de um objeto amplo. A ironia pode ser parte de uma fachada poser, o sarcasmo um jeito de aporrinhar os outros. A discrição pode ser recalque e a simplicidade pode representar um desejo a ser alcançado, não a realidade.

- Então tá. Eu sou uma contradição, uma metamorfose ambulante. Metade de mim é arte, outra paisagem. Eu ando pelo mundo prestando em cores que eu não sei o nome... Eu sou o medo de amar. Eu sou pescadora de ilusões. Eu sou o que li e ouvi, eu sou o que vi e chorei.

- Muito bem. Até que conhece alguma coisa pruma jovem de 15 anos. Mallu Magalhães ficou famosa porque decorou duas ou três musicas do Cash e do Dylan e porque junta palavras engraçadas em inglês.Vai lá no Youtube e grava essas citações todas, bota um acorde e de repente rola... Que é que é isso? Eu esperava uma resposta mais original. Você é uma cortina de retalhos. Um papagaio de pirata. Proferindo citações. Achando que conhece Machado porque leu Dom Casmurro, achando que conhece rock porque escuta Nx Zero, achando que conhece Jorge Amado porque leu Mar Morto.

- Não precisa ser tão sacana. Ta me vencendo com o sarcasmo. Me ensina um pouco mais de sarcasmo. Porque disse que minha ironia é poser?
- Não desvia. Quem és tu?

- Eu sou maluca de pedra, vou ao psiquiatra, tomo remédio, sou hiperativa. Você enche o saco. Ta me deixando mais em crise.

- Só quero saber quem és tu.
- Que é isso? Decifra a ti própria ou te devoro. Aula de filosofia? O remédio não ta fazendo mais efeito. Vou ali tomar um chá, cheirar um pó, ouvir um emo core. Quem sou eu? Ao cacete quem sou eu. Não sou porra nenhuma. Não gosto de ser contrariada, não gosto de respostas prontas. Mando tudo tomar no cu. Acho o Pedro ,meu namorado, um idiota, não gosto da lasanha de mamãe, vou assumir que sou lésbica, já que mamãe não se estressou quando Paulinho disse que era gay. Vou rasgar tudo quanto é roupa preta, voltar ao rosa. Voltar a ouvir Rick Martin, não gosto mais de Fresno, acho Di um babaca, o cara do Matanza devia ter metido a porrada nele de verdade. Ah se fosse eu. Que pena que joguei minhas bonecas fora, que rasguei as fotografias de infância. Que pena que não leio mais auto-ajuda. Vou recomeçar. Paulo Coelho não é tão ruim assim. Vou ali tirar O caçador de pipas da lixeira. Não vou beber mais Vodka, acho cerveja mais legal. Se calou foi? Só porque virou monologo. Frouxo, não sabe discutir com palavrão não é? Palhaçada. Vai se lascar.
- ...
- Que é, sumiu? Volta aqui. Vai mais encher o saco não?

- ...
- Cacete. Coisa chata. Matei o dialogo de novo. Sempre mato diálogos.

- Se preocupe não. To de volta na próxima TPM, na próxima reprovação, na próxima briga com tua mãe, na próxima briga com o Pedro. Crise de existência existe pra alguns pelo resto da vida. Rsrs.
-Hunf. Abusado.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Na medida.





Por isso só existe um no ano. Quatro dias, já pensou se houvesse mais de um? Você agüentaria consumir tanto álcool assim, tanta dança da bundinha, tanto remelexo, tanto ziriguidum, tanto bum bum paticumbum prucurudum? Você agüentaria tanto ovo e amido de milho, tanta espuma? Você agüentaria tanta garrafa de vodka no chão e o cheiro que irrita: a pinga com limão? Você agüentaria tanto côco espalhado na beira-da-praia, tanta barraca atravancando a passagem e um monte de Zé doidim invadindo sua cidade?

Não, isso não é um manifesto contra carnaval. É antes de tudo um alerta praqueles que abrem a boca e pedem mais de quatro dias. Que acham que é pouco. Conheço uma cidade que se durasse mais um dia não tinha nem pão pro povo comer.

Abomino a forma de fazer carnaval de certas cidades. Sem infra-estrutura, obrigando moradores a ter que passar quatro dias nas maiores privações, com a zoada e confusão comendo de esmola.

Tudo precisa de planejamento. Não basta colocar um trio elétrico, álcool, muita gente e sacodir. Isso não vai ficar bom que nem a tríade cana-limão-gelo.

Antes que me perguntem, meu carnaval foi ótimo. Eu busquei uns lugares desertos, achei a tranqüilidade no olho do furacão e consegui comprar a ultima fornada de pão. Eu andei léguas pra comprar gelo, subi a duna de língua de fora, entrei no mar com chuva, engoli goma sem querer. Eu tomei minha vodka, fiquei do lado de benzinho, tive dengo e carinho.

São só quatro dias? Ainda bem. Durou o tempo exato. Minha vodka acabou,o pão escasseou, meu benzinho voltou.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Pequeno dialogo inutil nº 1

-...
-Eu prefiro fotos de pé. Eu gosto de fotos de pés.

-Mas, bem, meu pé é tão feio. Vão ver a unha torta do meu dedo mindinho do pé esquerdo.

-Ora, xuxu, a foto ficará reduzida a um quadradinho minúsculo, nem com lupa conseguirão ver a unha torta do teu dedo mindinho do pé esquerdo.

- Verão então minhas canelas finas.

- Meu bem, tuas canelas não são finas. Nem que malhes por toda a vida, não conseguirá que tuas pernas acompanhem a mesma situação dos teus braços bombados.

- Eu não sou bombado.

- Ta, desculpa. Você é sarado.

- Minhas canelas são finas sim. Não quero que vejam minhas canelas finas.

- Meu bem, esqueça as canelas. Você tem um sorriso lindo.

- Ta vendo, concordamos. Um a zero pra mim. Coloca uma foto de rosto

- ...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Porque diabos não inventaram o tele-transporte?




Hoje às seis da noite eu estava no Siqueira. E queria estar no Benfica às sete. Não é muito longe. Realmente não é. Dizem que Fortaleza é um ovo, que por aqui não existem distancias realmente consideráveis.

Dizem isto aqueles que não tem que passar por dois terminais e pegar três ônibus lotados, cheios de gente suada, e enfrentar filas quilométricas e ter que aturar gente mal-educada.

Ta, ta. Não falo mais. O fato é que antes eu tinha que ir pra Barra, tomar banho, comer alguma coisa e ir pro Benfica. Ou seja, não conseguiria chegar as sete no Benfica nem se fosse ninja. Só conseguiria se o relógio parasse de correr só pra me esperar, coisa que ele não faria.

O fato é que sempre odiei distancia. Porque diabos com tanta tecnologia e avanços não inventaram o tele-transporte? Porque eu não posso abraçar minha vozinha que está a 90 km de distancia neste instante? Pois neste instante lembrei do sorriso dela e do bolo de macaxeira que só ela faz como ninguém?

Porque diabos não posso ouvir as reclamações e conselhos da minha tia durona, que sempre diz que nem sempre o agradável é o certo a se fazer? Por mais que eu não concorde, eu adoro ver a sua cara amarrada e a sua convicção inabalável.

Porque diabos eu não posso abraçar o meu amigo distante, que me fala das praias desertas que quer visitar, que me fala do desejo de rever a terra antes rejeitada e agora vista como sublime e perfeita.

Porque diabos não posso ver minhas priminhas, vê-las saltitando ao som de musicas adolescentes e inaudíveis. Algo como tuntz tuntz. Será isso mesmo denominado de musica?

Porque diabos não posso olhar bem fundo nos olhos de quem sempre amei? E dizer: Hey, larga de ser tonto. Mesmo tonto ainda moras aqui, no coração.

Eh, a distancia até foi parcialmene solucionada. Mas aí teria que recorrer à Oi, que nem sempre colabora. Ao MSN, e nem sempre a criatura tah online. Ao ônibus, que a meia noite não funciona. Ao carro cuja bateria está arriada. Porque diabos não inventaram o teletransporte?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Quem se conforma não cresce



Eis que mais uma vez luto contra a verdade das verdades: não sei cronicar. Muitos dizem ser falsa modéstia, só pra receber mais e mais elogios. Não é. Eu juro! E quanto aos elogios eu os estou dispensando, aceito o equivalente em reais. Banco 01, ag ....-. , c/c .......-. Qualquer coisa fala comigo, que não vou colocar meus dados bancários aqui.

Ironias a parte, veio-me uma idéia de crônica. Foi mamy quem a deu."Minha filha a vida é isto mesmo. Há que se conformar". Que me perdoe minha santa mãezinha. Mas isto mesmo é o cacete. Já pensou se todos os seres humanos fossem adeptos da filosofia "da vida é isso mesmo". Ainda estaríamos comendo carne crua e andando vestidos com peles de bicho.

Quem se conforma não cresce, é obvio. Precisa de explicação? A vontade primeira de todo homem deve ser a revolução. Deve ser a subversão, deve ser o desejo de mudança, de quebra de rotina e paradigma. Sim, o desejo do caos, porque não? Porque viver simplesmente o aceito e permitido?

Fosse assim ainda estaríamos no namoro de cadeirinha com término as oito da noite, sob a vigia do painho.

Fosse assim ainda estaríamos casando sem amor, enquanto a barriga não cresce.

Fosse assim não teríamos músicos, escritores, blogueiros, bailarinos. Nada disso dá dinheiro. A vida é assim mesmo. E aí teríamos milhões de advogados, médicos, dentistas seguindo feito carneirinhos seu pais e avós também médicos, advogados e dentistas.


Fosse assim eu não estaria fazendo esta crônica, porque não sei cronicar. estaria rimando de lá e de cá, porque a vida é isto mesmo. Há que se conformar

Quem se conforma não cresce, quem se conforma não vive.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Um ano



Um ano, 365 dias, 12 meses. Se eu fizesse um apanhado do que aconteceu na minha vida em um ano, seria preciso mais de uma postagem para colocar aqui o que houve de realmente importante: as alegrias, decepções, conquistas, derrotas. Mas isso já foi feito ao longo de um ano de blog. Não há como negar que um blog é aquilo que o seu dono está passando. Há também a ficção, mas até isto é fruto de um período de mais ou menos liberdade e maturidade

Há exato um ano, numa fase de puro ócio, aguardando ser convocada por um concurso da vida, eu acordava ao meio-dia, dormia às três da manhã. Relógio biológico de cabeça pra baixo. Foi quando surgiu uma idéia de blog. Mais uma vez, diga-se de passagem. Já tive três blogs, os outros dois não duraram nem um mês direito. Foram assassinados pela falta de interesse e inspiração. A mim sempre me pareceu que o blog fosse uma espécie de diário teen. Uma febre contra a qual sempre lutei.

Nada como o ócio pra entender que o blog pode ser uma bela ferramenta pra dar vazão a produção literária, ótimo lugar pra encontrar gente de todo tipo, de todo lugar e com tanta inteligência e sensibilidade. Fiz poucos, mas bons parceiros ao longo do ano.

O lugar de leveza tem cumprido perfeitamente o seu papel. Trazer um pouco mais de leveza pra essa minha mente perturbada. Trazer um pouco mais de leveza pra quem o lê. As vezes ele parece um pouco irônico, sarcástico, ácido, mas a essência é leve, podem acreditar.

Há um ano eu tive uma idéia de texto, de onde surgiu o nome do blog. Pra quem não conhece aqui vai. O ponto de partida de tudo. Sejam leves, hoje e sempre. A vida vale mais a pena assim.


Ser leve

Leve
Ser leve
Tão difícil. Tão bom
Quando você consegue...
Ah! Que sensação boa é a de ser leve

E se não for pedir muito
Leve-me com você, me leve!
Partilharemos leveza
O sol, o mar, um som
Pode ser rock ou reggae
Talvez até um samba me alegre

E eu não queria que fosse breve
A tal sensação de ser leve
Sinto ela em toda situação
Cantando, dançando, ouvindo a canção

Mas a tal leveza dá e passa
Por mais que seja estado de graça
Sempre faz a gente querer o bis
Desejando sempre e sempre a sensação de ser feliz

Ser leve é caminhar
Ver o pôr-do-sol, se emocionar
Ser leve é não gritar, evitar brigas e te abraçar
Ser leve é duvidar, não querer certezas, não censurar

Ser leve é chorar sem pudor
Não ter vergonha da dor
Achar que apesar de tudo
Ainda vale a pena o tal de amor

Ser leve é tomar banho de mar
Ficar besta vendo o luar
Trocar textos e poesias
Compartinhar músicas e alegrias

Não falo da leveza que traz a cerveja
Se bem que ela não é de todo má
Falo da leveza que traz o abraço
Terno e macio, que leva embora o cansaço

Ser leve é encontrar a solução
Rir do problema
E ver que não há dilema
Que não se resolva com uma boa intenção

Ser leve é desejar ver todo dia
Aquele teu riso cheio de alegria

Ser leve é desejar sentir o cheiro do mar
Vendo tudinho de cima da duna
Ver ele se desmanchar todinho em espuma
Pedindo pro entardecer nunca acabar

Ser leve é quase uma filosofia
É meu desejo e ambição
Como não tenho nenhuma na vida
Elejo a leveza minha religião


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Pequena crônica carnavalesca

Sempre preferi crônica, acho mais “cool” que o conto, que pra mim sempre foi uma prosa sem fôlego. Sem tirar o merecimento dos bons contistas. Deus salve Torga e Moreira Campos, mas acho que conto é pra poucos.

Por isso prefiro a crônica, mas fazer o que? Percebi cedo que não tinha talento e tive que me arranjar com a poesia. Rima daqui, rima de lá, e num instantinho eu me ponho a versar.

Mas a crônica é meu sonho de consumo. De vez em quando eu penso: quem sabe não é questão de pratica? Por isso tem manhã que saio de casa de óculos escuros na cara, protetor no rosto que o sol do Ceará é de lascar e fico só olhando, mirando. No ônibus: só observando o que dá pra tirar de bom pruma crônica, embate entre cobrador e o povo por conta de cinco centavos, da falta do troco,a guerra diaria dos terminais, o empurra-empurra, a falta de respeito com a fila.

Taí um bom tema de crônica, a malandragem do brasileiro, ou melhor seria chamar de cara-de-pau? Num sei, eu bem que podia emendar a cara-de-pau e começar a falar da ordem do amigo do meu primo. Se você quiser eu falo com o amigo do meu primo pra ele te arranjar aquele ... Vai dizer que nunca ouviu?

Brasileiro tem mania de querer facilitar tudo, querer brecha em qualquer esquema, querer uma parada 0800, querer emprego, num querer trabalho. o sonho de todo brasileiro é ganhar na mega sena e mandar tudo pra casa do caralho. Pelo menos o meu é. Vai dizer que não é o seu?

Brasileiro viu tanta praia espalhada pelo território que se pudesse só vivia de sombra e água fresca, em carnaval o resto do ano. E a conta quem ia pagar meu filho? Só faltava mesmo inventar um esquema do tipo Bolsa Carnaval, pule os quatro dias da folia de Momo com subsídios do Governo Federal. A fila ia ser maior que a distancia do Oiapoque ao Chuí.

E por falar em carnaval, dia destes lendo o jornal vi que tinha neguinho em Minas puto com a prefeitura municipal. Motivo? Por conta da crise o seu prefeito disse: “Este ano a prefeitura não organizará Carnaval, nem bandinha, nem axé, nem trio, nadica de nada”. Teve nêgo propondo reduzir o orçamento da educação em 10% pra folia não passar em branco. E a questão da probidade administrativa que fosse pro ralo.

Já que o negocio no Brasil é esculhambado mesmo, a galera pensou que esculhambar com algo divertido é bem melhor. O problema é que a esculhambação é sempre divertida. Só que quem se diverte é quem se beneficia dela. Ou você acha que o Sergio Naya, o Luis Estevão e o juiz Nicolau não se divertiram pra caramba?

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Fases.




Fale-me por qual fase você passa.

Foi a frase que ouvi dia desses.

Tudo porque fui besta a ponto de dizer que estava passando por uma nova fase. Tão clichê, não? É, os clicchês se agarram em mim com força surpreendente.

Pois bem, eu sempre gostei de passar por novas fases. Quando adolescente adorava bancar a adulta. E agora inventei de bancar a adolescente. Adolescentes são chatos, mas tão leves.

Inventei de ouvir novas coisas, de sair do circulo normal MPB - Bossa Nova. Adoro e sempre vou adorar, mas é preciso desbravar novos terrenos. Andei sondando Rice, além do The Blower´s Daughter que todo mundo conhece. Descobri Jonh Mayer, aprofundei-me no fofo do Bublé, apresentaram-me a um tal de James Morrison, sentei pela primeira vez e ouvi um álbum inteiro do Led Zeppelin, do The Clash. E gostei do resultado

Inventei de beber novas coisas. Troquei a boa e velha cerveja pelo bom Johhny Walker. Ah, se este fosse um cadim mais barato...

Inventei de conhecer novos mares. Por mais fiel que seja a minha Pasargada, as vezes apodera-se da gente um espírito viajante, mochileiro, vontade de conhecer mares com outras cores, já que sabor todos têm o mesmo. Vontade de ver novas paragens, conhecer novos povoados. Conhecer além de dunas, falésias, manguezais, conhecer, conhecer. É tão vasto o mundo, porque restringir-se a um cordão, a um território delimitado? Proteção, confianç? Ain, tudo isso é tão conservador...

Permiti-me sentir novamente borboletas no estômago. E sobre isto não vou mais falar. É tão auto-explicativo.

A isso talvez dêem o nome de leveza. Sem amarras...