sexta-feira, 30 de maio de 2008

Versos das antigas

E aqui vai o primeiro da série: sentimentos enterrados,mas versos sempre vivos. Afinal a poesia é eterna
Vão-se os anéis, ficam os dedos
Vão-se os amores, ficam os versos...

Falta

Só você não sabe
A falta que me faz
Falta que a cada dia
Parece aumentar mais e mais

Só você não sabe
E se sabe se faz de rogado
O quanto é grande meu desejo
Que já pôs meu peito desesperado

Só você não sabe
E parece nem querer saber
Quando eu fito as estrelas é em ti que penso
E sempre o que peço é poder te ter

Só você não sabe
Mas um dia hei de te fazer saber
Não existe vida sem certas coisas
E uma delas, meu bem, é você

sábado, 24 de maio de 2008

Desenterrando os escritos de prosa

Iniciando a série: Desenterrando meus escritos de prosa. Pra não dizerem depois que eu só escrevo versos.
Eu tenho pelos meus textos de prosa um carinho quase maternal, daqueles carinhos tipo mãe coruja que só solta o filhote quando sabe que ele tem forças o suficiente pra andar com as proprias pernas. Afinal mãe nenhuma quer que seu filho leve tombo e seja "zoado" por aí.
Agora eu deixo um dos meus filhotes caminhar, nem sei se é a melhor hora, mas há tempos o bixim pede pra eu libertá-lo.


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João e eu

Um uísque. Com gelo claro. Uma noite fria de lua cheia. .Céu sem nuvens ou previsão de chuva. Beira de praia e o cheiro de maresia invadindo as narinas. Quem já viu um céu estrelado e uma lua cheia do interior sabe do que to falando. Cenário paralisante, absorvente, que faz qualquer insensível virar um sonhador, pelo menos por uma noite. Uma bossa nova no som. Som envolvente, harmônico, delicado.

E ele nem precisava passar, já que eu não esperava que aquela noite fosse perfeita. Na verdade nunca espero perfeição das coisas. Já o vira tantas vezes, mas nunca nossos olhos haviam se fixado um no outro. João agora fazia pose. Era obvio que queria chamar minha atenção. Tinha jeito de menino, é verdade, justo eu que sempre apreciara os mais velhos. Em João havia um quê de meninice que me agradava, um jeito que eu nunca antes havia apreciado, mas que agora me saltava aos olhos de forma insistente. O que mais me impressionava nele era a insistência com a qual me olhava, nem fazia questão de disfarçar. Se passasse por mim dez vezes em dez min, dez vezes me olharia. Ele ria pra mim, me encarava, me desconsertava, me seguia em todos os lugares, mas nunca me falava.

Naquela noite eu sentada na calçada e ele debaixo da árvore defronte a minha casa. Ele enfim tomara uma atitude e me chamara. Eu que sempre costumo ser reticente e pensar antes de agir, me levantei e fui num impulso, decidida, agi por instinto. Lua cheia, uísque. Tudo a favor do João. Ele nem precisou falar muito. O desejo existente ali era evidente. O meu e o dele. Olhávamos as estrelas e a lua como pretexto, como se elas nos dessem força pra prosseguir ou começar o que queríamos fazer. João conseguia ser mais tímido que eu. A iniciativa tinha que partir de mim senão ficaríamos ali a noite inteira olhando pro céu. Ainda bem que tinha o uísque. Bebida quente, danada, dá coragem até ao mais pusilânime dos seres.

Naquele instante eu podia ter falado de música, poesia, ter dito que a beleza dele inspiraria um tanto de versos meus, mas com uma lua daquelas e com um desejo exalante daqueles não havia nada o que dizer. Então eu simplesmente o beijei. Um beijo calmo, mas nem por isso menos intenso. Um beijo sem o desajeito comum dos primeiros encontros entre duas bocas. As nossas pareciam se conhecer há muito tempo, pareciam familiares, pareciam conhecer os movimentos exatos que agradavam a um e ao outro. As línguas quentes, úmidas e incessantes num trabalho tão harmonioso e delicado quanto os acordes da bossa nova que ecoavam na noite, ao longe.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Flu


O coração e a alma não rezam há tanto tempo, mas involuntariamente as mãos unem-se como quem vai fazer uma prece.

Cruzam-se, apertam-se, unem-se num pedido.
Ah, o futebol, sempre leva embora a razão.

Caminha-se de uma lado para o outro feito um tolo, coração que parece vai saltar.
Não há cerveja que dê jeito. Não há nada que acalme. A não ser uma bola que resolva morrer no fundo das redes. E aí sim, nem sei se o nome é calmaria. Acho que melhor seria chamar de gritaria. Pulos, tremedeira.


Se você é o mais pacifico dos seres, não adianta. Voce vai xingar, dar murro na parede, jogar longe tudo que tiver ao seu alcance quando o atacante do seu time perder aquele gol feito. O tempo parece não passar se seu time tá ganhando, o tempo parece voar se seu time tá perdendo.


Eu gosto de futebol desde que me entendo por gente. E torço Flu desde que o Renato Gaucho fez o famoso gol de barriga na final do carioca de 95. Nos últimos minutos. E eu do fundo da minha inocencia infantil escolhi: vou torcer pra esse time aí das três cores. Com ele vou ter sempre emoção. E tive, ai, ai. Umas horríveis: ê terceira divisão, umas incríveis como o título da copa do Brasil.


O importante é que a paixão continua. Quando o Flu entra em campo todo o mundo lá fora acaba, parece não fazer sentido. Eu esqueço os bons modos. Eu esqueço que existe o planeta Terra. Um êxtase inigualável.

Futebol é droga pesada, viciante. E quando o seu time faz um gol faltando um minuto pra acabar o jogo e voce desaba no chão... É o ápice.

Valeu Flu, noite memorável, inesquecível... Vamo que vamo que o show não pode parar.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Música...

Eu resolvi botar musiquinha no Lugar de Leveza.
Porque eu não vivo sem música. Tô em casa e pode ter certeza que tá tocando música, esteja eu fazendo o que estiver.

Uma coisa que sempre repeti pra mim desde que me entendo por gente é que um dia eu teria minha propria rádio, uma estação onde só tocasse o que eu gostasse de ouvir e o que eu gostasse que as outras pessoas ouvissem.

É companheiros, eu moro na Terra do Sol e aqui impera " O chupa que é de uva", os paredões dos playboys forrozeiros e as mil e uma rádios que tocam forró. Um desespero pra quem curte música boa. E nem vou entrar no mérito da questão do que é bom ou não. Sou do partido que acha que música boa é aquela que toca a alma, que traz leveza, que faz pensar.

Por aqui voce vai sempre encontrar os nomes que admiro, que me fizeram chorar, rir, sentir saudades, fazer juras... Os nomes que me ajudaram e me ajudam a ser mais humana.

A idéia é sempre trocar as músicas que vão tocar na minha rádio, que vão ajudam o lugar de leveza a ser mais leve.

Aceito críticas e sugestões dos leitores...

É isso.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Eu quero

Eu quero conversas intermináveis, risadas até dar cãibra

Eu quero correr até cansar, parar e correr tudo de novo

Eu quero sol, praia e mar

Eu quero churrascos, feijoadas e festas de família. Todas toscas, todas inesquecíveis.

Eu quero sempre partilhar o que houver de bom com os meus.

Eu quero, se for possível, nem falar o que houver de ruim. Nem eu dou conta.

Eu quero ler,cantar, amar, perdoar, ter calma, ter pressa.

Eu quero criar cachorros e levar uma vida saudável. Um dia eu largo o café, a carne e a fritura. Juro. Um dia jogo tudo fora.

E a cerveja? Ah, sem ela não dá.

Então serei 95 % saudável.

Eu quero estar longe da correria.

Não adianta! Vou acabar numa praia bem bem distante com meus livros e discos. No mais clássico estilo nativa. Achando que andar na pracinha matriz a noite é o que há.
Eu quero ver jogos do Vozão até morrer de dizer palavrão.

Eu quero chorar e rir, chegar e partir.

Eu quero outros em minha vida.

Eu quero me surpreender, me espantar e duvidar das verdades absolutas

Quero quero tanta coisa...

Quero tomar banho de mar a noite, caminhar de mãos dadas, fazer juras eternas

Não quero nós, quero laços, quero te dar um abraço e um amasso que também não sou de ferro

Quero beijo na boca, quero plantar uma arvore, escrever um livro e ter um filho, mas isso é pra bem depois

Quero ganhar dinheiro, dormir até as dez, ter insônias nas madrugadas pra recuperar o sono nas manhãs

Quero ver a luz da lua, cheia, minguante, nova e crescente

Quero o cinza do céu também, quero ele vermelho, azul, multi-cor

Quero mais encontros que desencontros

Quero mais desejo que desprezo

Quero mais sim que não

E não quero que o amor supere o tesão, antes os dois lado a lado

Quero não ter que dá resultados, não sou equação, sou gente de verdade, sou pele, osso e coração

Não quero mentiras e mediocridade nem quero ultrapassar muito minha cota de saudades

Quero entrega, sorrisos verdadeiros, abraços apertados

Quero bossa nova e poesia

Quero amigos pra vida toda, um amor eterno enquanto dure, que me entenda e surpreenda, que se faça de humilde mesmo sendo o tal, que se faça de tímido mesmo sendo ousado, que faça que nem ligue mas que morra de paixão

Quero que azia vá embora, quero jogar tudo que não presta fora

Quero ligar quando tiver vontade e sair correndo pra ver quem eu quero quando me der saudade

Quero alguém bonito, esperto, engraçado, que vez por outra se faça de abobalhado


Quero os cuidados da mamãe, os dengos da vovó, os conselhos da titia,quero ser sempre alguém melhor

Quero massagem e cafuné, quero falar bobagem até não dá mais pé

Quero nunca mais sentir dores tão sofridas, quero morrer de amar nessa vida

terça-feira, 13 de maio de 2008

A minha Pasárgada



Não é a do Bandeira
Lá não sou rainha
Nem tenho quem eu quiser
Até porque só teus olhos e sorriso me interessam

Mas lá tenho paz e alegria
De noite e de dia
Tenho mar e sol
Tenho dunas e futebol

Lá eu tenho a vida pacata
Que escorre sossegada
Não só nas manhãs
Mas também nas madrugadas

Lá eu sou feito criança
Que corre pra abraçar o mar
Lá eu fico besta vendo a lua
Pedindo pra noite nunca se acabar

Lá até meu choro é sereno
E minha angustia mais passageira
Só meus desejos é que são mais intensos
Parecem brotar de forma mais verdadeira

Lá tem a tua presença
Que por si só já valeria por tudo isso
Lá tem aquele papel rabiscado
Em que um dia escrevi: “Ainda te conquisto”

Lá eu sou o meu melhor
A minha saúde é mais perfeita
Meu sono mais profundo
E a vida não corre tão ligeira

Lá não tem aborrecimento
É felicidade sem ter fim
Lá é minha Pasárgada
Lá é simples assim



Foto: Nelson Basile

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O que é afinal?

Muito além de passageiro
De transitório
De efêmero
De ligeiro

Muito além de fugaz
De voraz
De tenaz

Isso é apenas uma forma de sentir
Sem pesos e medidas
Sem ser certo ou errado
Sem ser justo ou inadequado

Não é amor nem paixão
Nem pureza nem tesão
Nem sim nem não

É apenas um sentimento
Que existe
As vezes alegre
As vezes triste

Sentimento que se agarrou a minha mão
Que insiste em habitar o coração
Que já não aceita que eu lhe diga não

Não é assim nem assado
Nem presente
Nem futuro
Nem passado

Não é nó nem laço
É desejo de envolver num abraço
Quente e envolvente
Que valha mais que um amasso

É desejo de te ver dormir
E acordar
De poder teu sono velar

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Imagina se faltasse água

Todo mundo pelo menos uma vez na vida já andou de ônibus. E já reclamou deles também. Conseqüência inevitável eu diria. Ou porque tava muito lotado, ou muito quente, ou porque o motorista ia rápido demais ou porque ia devagar demais, ou porque parou muito antes do ponto ou muito depois. Inevitável

Mas hoje eu vi gente em situações atípicas: morrendo de vontade de chegar no trabalho e sentindo falta danada dos ônibus. Sim, pasmem. O que uma greve de ônibus não faz. Um caos total. A Fortaleza só era bela pra quem estava fora dela. Trocadilho idiota, mas também inevitável.

Impossível manter a leveza hoje. Filas de ônibus parados em todos lugares, pessoas andando no meio da pista concorrendo com os carros, motoqueiros mais imprudentes que de costume, engarrafamentos a 3X4, topics de um jeito tão absurdo que chamá-las de lotadas seria eufemismo. Um calor da peste e gente perdendo a paciência pela menor besteira.

Agora imaginem se faltasse água. Não uma falta temporária, mas uma falta de semanas e meses. Se faltasse pra valer, se a água parasse de “rodar” que nem os ônibus, decretasse estado de greve pela melhoria das condições. É ninguém nem pensa nisso. Melhor pensar, porque faltando ônibus, pega-se táxi, moto-táxi, van e seus derivados. Mas faltou água colega, vai pegar o quê? Coca-cola?

terça-feira, 6 de maio de 2008

Tiersen


Eu ficaria o dia todo ouvindo ele tocar
Seria tão fácil chamá-lo de genial, fascinante, inacreditável...
Acordeon e piano. Ele é tão expressivo sem precisar de uma palavra.

As suas caras e o seus gestos, os acordes que ele arranca. A nostalgia e melancolia que ele me traz. Não são ruins, pelo contrario.

Uma melancolia agradável, que me faz pensar no rumo da vida, no rumo que as coisas estão tomando. Uma nostalgia que me inspira, que me faz escrever. Que me faz querer ser tão genial quanto ele. E eu escuto e vejo de novo e de novo os seus vídeos e músicas.

Esse francesinho que veio sacudir a minha lista de músicos que eu sempre e sempre escuto. Veio trazer um ar de novidade e frescor. E veio de novo trazer aquele sonho de infância. Me sentar num boulevard francês, com um livro nas mãos, tomar um vinho. Agora eu completaria o quadro de antes e diria, ouvindo Tiersen. Ouvindo le rue de cascades

sábado, 3 de maio de 2008

Carta ao amigo distante

Amigo, nem sabe quanta falta fazes.
Hoje foi um daqueles dias que pensei em ti e fiquei melancólica por não estares aqui.
É duro pra mim saber que está lá na cidade de pedra e que dificilmente virá novamente de vez. Fortaleza passará a ser apenas um local de visitação. Uma vez por ano virás aqui e então marcará um dia para rever todos os amigos e familiares.

Hoje acordei com uma nostalgia maior que a de costume. E senti uma vontade maluca de conversar contigo. Um dos melhores interlocutores que conheço. Tão parecido comigo e ao mesmo tempo tão diferente. Nossa ambição e individualismo, nosso amor-próprio exaltado, nosso gênio, nossos comportamentos. Tua religiosidade e minha falta de crença, tua loucura pelo urbano, minha paixão pela natureza, tua pele branca que parece que nunca viu sol e minha morenice enraizada.

Vontade de hoje passar a tarde conversando contigo, contando meus causos, escutando conselhos, te dando uns também. Vontade de te olhar e te dizer que és essencial pra mim. Vontade de pegar um avião e ir aí só pra te dar um abraço e te dizer que fazes falta demais.

Olhe, olhe

Olhe, olhe
Que é tempo de ser feliz
Nem ontem, nem amanhã
Hoje

Quer ligar? Liga
Não importa o que vai dizer
Inventa, tenta

Quer chorar? Chora
Mas depois toma um copo dágua pra não desidratar

Quer dizer tudo? Se declara
Nem que depois leve um fora

Quer voltar atras? Volta
Não fique achando que é covardia

Quer desistir? Desista
Certas lutas não valem a pena

Quer beber? beba
Vodka, Vinho, Cerveja.
E se não puder, beba energetico com coca-cola

Quer dormir? Dorme
Mas não esquece que não há nada mais lindo que a lua das madrugadas e o sol do amanhecer

Quer acordar cedo? Acorda
Mas não esquece que o melhor sono é aquele de depois das dez da manhã

Quer beijar? Beija
Nem que seja pra depois levar um tapa

Quer dizer eu te amo? Diz
Nem que seja pra ouvir um "não dá pé"

Quer caminhar? Caminha
De tenis, ou descalço, na praia, ou disputando com os carros

Quer cozinhar?Cozinhe
Mesmo sabendo que o resultado será catastrofico

Quer escrever? Escreva
Nem que suas linhas sejam tão ruins quanto estas e cheirem a auto-ajuda

Quer inovar? Desce do onibus e vai a pé

Quer escandalizar? Diz pra todo mundo que quer morrer de amar

Quer emagrecer? Corre, em vez de parar de comer

Não quer sofrer? Pára de olhar pro canto errado em vez de eternamente se esconder.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Coração teimoso

Que loucura desmedida
Isso que sinto por ti
Dia e noite, noite e dia
E ainda te trago aqui

Me traíste, me enganaste
Plantaste em meu peito a desilusão
Mas veja só o disparate
Ainda te carrego no meu coração

Como pode? Eu não sei
Não consigo explicar
Mas se fosse me dado um desejo
Escolheria te beijar

Primeiro olho no olho
Entrelaçando tua mão na minha mão
E então com os corpos juntinhos
Tu sentirias o meu coração


Teimoso, danado, arredio
Que insiste por você bater
Por mais que eu tente explicar
Parece só se importar com você


E quando eu decidida
Decido do meu peito te expulsar
Então vem a cabeça danada
E me faz contigo sonhar