segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ser-poeta.

Se eu fosse poeta de verdade

Não fingiria tanto

Ou será que fingiria mais ainda?

Se eu fosse poeta de verdade

Será que ligaria quando morro de vontade de ligar?

Será que correria tanto e tanto pra te achar?

Se eu fosse poeta de verdade, será que riria do teu desajeito?

Que ia fingir não gostar do teu cheiro?

Se eu fosse poeta de verdade

Será que exigiria teu perdão?

Que romperia o silêncio e encurtaria a solidão?

Se eu fosse poeta de verdade

Será que eu saberia demonstrar?

Não só com cartas e estes versos tristes
Mas com um beijo em noite de luar

Se eu fosse poeta de verdade

Pegar-te-ia pela mão

Levar-te-ia pra dentro do mar

Olharia pra ti com paixão

E falando a+b+c, far-te-ia entender

Todos os porquês

De como quando onde quero você

Se eu fosse poeta de verdade falaria menos, escreveria menos e faria mais

Mas o que é ser poeta de verdade?

E será que o meu ser-poeta é um ser pela metade

Cheio de maldade, falsidade e pretensa habilidade

Será que o meu ser-poeta é repleto de mágoa, é mar sem água?

Será que meu ser-poeta é desencanto, é lamento mais que acalanto?

Não.

É apenas um ser-poeta que não se encontrou
Que tanto caminhou
E a ti buscou

E anda perdido
Um tantinho ferido

Com desejo de ser-poeta ligeiro
E de se sentir por inteiro

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Um pedido

Menino
Há tempos te peço
Há tempos eu penso
E se não peço frente a frente
Peço em pensamento

Menino eu quero
Um abraço forte e sincero
Um beijo doce e longo
Um sorriso largo e meigo

Menino eu não nego
Eu fico sem jeito
Quando te vejo é uma tal confusão
Penso em beijar a tua boca
Acabo pegando tua mão

Menino esse treco não dá trégua
As vezes ternura, as vezes lamento
Finjo que não, que já vai passar
Mas quando te vejo volta a atentar

Cabeça confusa, coração vai saltar
Abraço apertado, vontade de não te soltar
Já não sei o que faço pra isso sair de mim
Te faço um pedido
Tem dó de mim

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Correr

Corro e sempre corri demais

Mas os objetivos agora são outros

Corro até me cansar.

Paro e corro tudo de novo

Corro sem livros nas mãos, sem mochilas nas costas

Corro pra me encontrar

E já corri pra te encontrar

Mas calculei errado a hora de dar o sprint

E não te alcancei

Ora bolas, quem nunca fez um cálculo errado

Matemática nunca foi o meu forte, apesar de eu sempre tirar boas notas

Mas o negócio é seguir

Quando corro tiro o peso do mundo dos ombros

E vou leve e quase vôo

É quando me iludo que tenho asas

E tal qual Hermes as minhas ficam nos pés

E pés pra que te quero

Correr, correr, correr

Na praia de preferência, na hora do pôr-do-sol de preferência, com a praia deserta de preferência

E haja preferência.

Nem sei pra quê, só pra me frustrar quando não consigo tê-las

E por falar em preferência, correr em praças é um porre e correr na pista disputando com os carros pior ainda

Eu prefiro o mar como testemunha e você diria: “Tu e o resto da humanidade”

Tá certo, tu tens razão

Corro quando estou confusa, com raiva, frustrada

Corro quando estou feliz

Corro pelos mais variados motivos

Corro e sempre quero o bis

E nem sempre consigo

Os joelhos reclamam

Corro porque sinto-me livre

E por instantes não penso em mais nada, só em correr

Começo a correr com a cabeça embaralhada

O único objetivo é espantar o que há de ruim, é martirizar o corpo até encontrar a leveza

Com o passar das passadas o coração acelera, o suor escorre, as passadas ficam trôpegas

Em alguns instantes as cãibras surgem, o ácido lático acumula e a vontade de parar vai surgindo

Mas ainda há muitos kilômetros a percorrer e não se pode deixar o cansaço vencer

E de repente canto uma canção

Pra me distrair, pra distrair o cérebro

Como quem diz: segura a onda aí

E de repente nem fôlego pra pensar na canção há

Corre-se por correr

Os pés têm vontade própria, correm independente da sua vontade

E você já nem pensa em nada.

Cabeça vazia, e você nem corre mais

Flutua

E flutua a beira-mar

Até os pés não agüentarem

Começam a formigar

E a cabeça ta quente

E o coração parece que vai saltar

E o suor começa a ficar frio

E é hora de parar

Pra no outro dia a brincadeira recomeçar.