domingo, 27 de setembro de 2009

Pequeno diálogo inútil nº 2

- Você não liga pra mim

- Não é verdade

- É sim, vai viajar nas férias sem mim, nem pra me convidar

- Tu não viajaste sem mim?

- A trabalho, você sabe.

- Vai bem dizer que não deu um pulinho nas baladas da Vila Olímpia? Me engana que eu gosto.

- Não fui uma única vez.

- Não mente que é feio.

- Não desvia, você não liga pra mim.

- Que coisa ahn. Você não tinha um cliente às 3h da tarde? Já são duas 2h e 50m

- Tá vendo? Quer se livrar de mim.

- Só to pensando no nosso futuro. Vai trabalhar pra pagar a viagem do reveillon que é melhor

- Pra onde vamos?

- Não sei. Praiazinha. Jeri? Flexeiras? Mundaú? Quem sabe Natal?

- Ow amor, pensei que não quisesse mais viajar comigo.

- Pára de drama homem, até parece a mulher da relação.

- Como você é sutil meu bem...

domingo, 20 de setembro de 2009

O resultado.




Ele entrou de sopetão, aos gritos:

- Passei, passei.

- Tá louco pirralho?

- Larga de ser nojenta uma vez Bel. Eu passei. Passei no vestibular.

Aquilo pra mim não era surpresa. O Caio era inteligente. Em todas as aulas que tivemos, ele me surpreendia. Era melhor aluno que eu. Disciplinado, mas não bitolado. Reservava sempre tempo para fazermos coisas inúteis como ver filme, comer pipoca, navegar na net ou simplesmente conversar besteira. Eu estava orgulhosa. Tinha contribuído com aquele momento de êxtase.

- Obrigada, obrigada por tudo.

Ele me agarrou, me levantou, me girou no ar, me colocou de volta no chão, olhou no fundo dos olhos e me beijou. Tudo isso antes que eu pudesse reclamar ou contestar. Durou menos de um minuto até nossos lábios se encontrarem. Demorou uma eternidade pra se afastarem.

Eu queria aquele beijo há tempos. Ele sabia. Castigava-me fazendo esperar por aquele momento. Certamente pensava que eu acabaria pedindo ou cantando ele. Nunca, fiquei na minha, esperando, a moda antiga como eu sou e admito.

Acabamos no chão. O quarto era em cima, escadas e aquele alvoroço todo não seria uma boa combinação. Transamos no chão da sala, numa tarde de quarta, as três da tarde, porta entreaberta. Ele parecia querer-me desde o inicio dos tempos, tamanha era a vontade com a qual me abraçava, cheirava, roçava a tentativa de barba em meus seios. Parecia querer morar em mim, numa simbiose inacabável, que se arrastasse ao longo do tempo.

Só quando tudo havia terminado é que eu havia percebido o absurdo da situação. A porta totalmente aberta. Se mamãe chegasse, se o Gui chegasse, eu tava perdida.

O pensamento não durou um segundo. Ele me trouxe de volta:

- Bel, queria que você soubesse que eu to apaixonado. E adorei hoje.
- Eu também Caio, adorei.

Só o que me incomodava era o fato de saber que eu não deixaria o Gui, porque eu não deixaria.

Continua...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Na espera.

Este poema é a prova viva da vontade frustrada, do desejo rolando escada abaixo. A encarnação do que deveria ter sido e não foi. Eu esperava um feriado reparador e veio um... deixa pra lá. Ficou o poema, a leveza e esperança do poema.

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Amor,
Prepare-se
Amarre a rede
Em breve a sede desaparecerá


Amor,
Aguarde
Tenha fe e paciência
Um pouco de persistência também ajudará


Amor, relaxe
Não fique bravo
Nem faça alarde


Amor, sossegue
Não se irrite
Não me maltrate


Amor
Tudo culpa do cansaço
Apertou o nó, fechou o laço


Amor vem brisa
Da praia, do mato
O melhor da vida



Amor vem mar
Duna e espuma
Noite de luar


Amor vem marcha
Tambor e independência
Mas o melhor de tudo
É o sufocar da ausência

Amor,
já que chega
Pra matar essa saudade
Acabar essa tristeza