sábado, 20 de dezembro de 2008

A mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo

Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo .

A primeira vez que ouvi isso em algum lugar achei fantástico.

Simples e objetivo. Pelo menos falar é.

Fazer, hum, tão complicado!!!

Manter a mente quieta é tarefa das mais complicadas, ela ta sempre matutando idéias, fazendo planos, se frustrando, se alegrando, estressada, calma, irritada, suave, uma bomba.

Cheia de contradições, medos, angústias, desejos... ah... quantos desejos infinitos e eternos, volúveis e inconstantes.

A espinha ereta. A minha é uma piada, quase sempre curvada, arrastada, mal posicionada. Preguiça? Apatia? Cansaço? Moleza? Não, não. Experimente levar uns 13 quilos de livros nas costas durante mais ou menos 7 anos.

Escola cruel a minha. Sem armários, sem livros leves. Livros que pareciam querer imitar a bíblia sagrada. Em vez de catequizar faziam imbecilizar, mas isso é assunto pra outro dia.

Coração tranqüilo. Me digam como é possível , após acrescentar Mário Quintana, pitadas de Drummond e Vinícius e rechear com Jobim. Impossível.

Coração adolescente? Não. Esperançoso? Sim.

Daqueles que crêem em alma gêmea, cavalo branco e príncipe encantado? Não, não.

Desses aí não. O meu prefere um amor hippie. Sem frescuras. Pessoas politicamente corretas, engravatadas e prendadas não fazem meu estilo.

Pessoas sensíveis fazem meu estilo. Hum, mas anda tão difícil.

Por isso e muito mais que digo que manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo é tarefa das mais difíceis.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Acaba

Acaba

Olha só, lá estava eu, maldizendo-me da sorte, queixando-me dos achaques do coração, rogando contra os céus, espraguejando, chorando feito Madalena arrependida, jogada na vala dos esquecidos, perdida no beco dos desconsolados, chorando miséria, brigando com o mundo, fingindo desdém, catando vintém, maltratando até neném.

Olha só, lá estava eu odiando você, rasgando os versos, cutucando a ferida, fingindo não encontrar saída. Olha só, lá estava eu diante da porta sem ver a passagem, pensando ser vertigem ou viagem ou miragem aquilo que era verdade. Olha só eu ali, verde, verde, principiante, iniciante, cheia de uma intensidade ultrajante, delirante, lancinante. Extremista até não poder mais, achando que o sofrimento só tinha o que crescer, retroceder jamais.

Olha só, lá estava eu contando os dias, meses e anos, olhando a lua cheia, querendo tocar piano, tomando um scotch e dizendo “tomara que ele volte”. Olha só quanta confusão, eu lá achando que era pra sempre, que nunca ia acabar. Olha só eu lá, me vejo pedindo pro sentimento não acabar, orando pra sobrar uma nesga, um resquício, um rascunho, um tiquinho, um rabisco que fosse, pelo menos uma letra, um “A” do amo.

Ligeiramente vejo-me lá, e hoje consciente e não tanto displicente ou imprudente. Nem tanto adolescente, nem combalida por desejos frementes. Hoje vejo e constato a mais pura e mais simples verdade, a mais pueril e brejeira, a verdade primeira, incontestável e insofismável: acaba.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Nó desfeito

Não existe nó
Que um dia não se desfaça
é só deixar o tempo escorrer
E uma ponta pela outra passa

Não precisam-se de tesouras
Muito menos de facas
deixe a vida seu trabalho fazer
Que o nó desentrelaça

As partes saem intactas
Prontas pra se unirem em novos laços
Mas é preciso calma e técnica
Pra de novo não perder o compasso