terça-feira, 2 de novembro de 2010

Repente: A desilusão do moço.















Era uma vez um moço
Na beira da estrada
Não sabia fazer nada
Só ver noite enluarada         

Era uma vez um moço
Ele era tão vadio
Não sabia fazer nada
Só admirar o rio

Era uma vez um preguiçoso
Não queria trabalhar
Êta cabra tão manhoso
Não queria estudar

Era assim tão displicente
Era tão “to nem aí”
Que era capaz de ver  uma “flor”
E   ser capaz de não  sorrir

Mas um dia de repente
A sua sorte mudou
Viu um belo do “jasmim”
E então ele corou

Ganhou força e coragem
Há muito tempo não se via
Largou de mão da preguiça
 “ela é tudo que eu  queria”

 Ele mudou por completo
Trabalho  até ele arrumou
Foi  então para a escola
O danado se aprumou

Ninguém acreditava
Em tal transformação
Tava tão modificado
Coisas do coração

Então um belo dia
Foi falar com o "jasmim"
Declarou sua paixão
Disse lhe amar sem ter fim

O “jasmim” então sorriu
Logo lhe agradeceu
Mas disse não gostar “da fruta”
“Namorada tenho eu”

O moço desconsertou
Tamanha a desilusão
Voltou tristonho pra casa
Amuado o coração

Então voltou pra rotina
Eterno não fazer nada
Menino da estrada
Admirando a passarada

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Saudosistas, uni-vos!

Saudosistas do mundo uni-vos

Já que temos tantas uniões bizarras, tantas tribos... temos os
otakus, os emos, os coloridos...

Criarei uma legião de saudosistas, os nossos inimigos nos
chamarão de antiquados, conservadores, nos dirão de cara lavada que somos
presos ao passado.

Nossa sala de estado-maior, nosso quartel  general terá os brinquedos do passado. Levarei
meu playmobil, meu pogobol, meus álbuns de figurinha, as centenas de “tazos”
que juntei depois de comer cheetos todos os dias.

Meu primo levará seus exemplares de Power ranger e ao fundo
tocará a música do cavaleiros do zodíaco ou da Xuxa, decidiremos em assembléia.

Vídeos do Airton Senna serão reproduzidos diariamente. O é
tetra do “cala-boca Galvão” será repetido de hora em hora como se fosse nosso
hino. Mas se já somos penta porque não o “é penta”. Porque saudosistas gostam
mais de Romário do que do Gornaldo...

Cada membro terá direito a colar na parede a foto da
professora predileta. Já vejo a foto da tia Clevânia pregada na parede. Ah que
saudade da análise morfossintática.

Fotos de bebê, fotos na escola em dia de São João, dia da
páscoa, Natal, fotos de churrasco em família. Tudo será permitido. Ninguém zombará
da sua breguice, digo melhor, do seu nobre saudosismo.

Haverá a seção “evolution”, onde você poderá fazer a sua própria
linha cronológica, do bebê de fraldas  ao
garoto cabeludo e bêbado da faculdade. Assim você verá como o passar dos anos
fez bem a você, ou não.

Teremos nossa biblioteca musical. Por favor, nada de
pendrives ou mp3. Só  serão aceitos vinis,
k-7 e CD’s originais. Aqui não é a casa da mãe Joana. A propósito, já separei
meus k-7 do Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Pink Floyd e Men at Work. Todos
presentes de titio que passou o bom gosto da família adiante. Os vinis da
Rainha dos baixinhos, o adocica do Beto Barbosa, “o Bad” do Michael Jackson e o
“You can dance” da Madonna já foram separados. Os cd´s serão liderados pelo
grande Enghaw, pelo Capital Inicial, pelos mestres Tom, Chico e Vinícius.

Quem gostar de futebol, que leve sua primeira camisa, seu
primeiro canhoto de ingresso, seu primeiro pôster de campeão. Aos torcedores
tricoloridos apenas um pedido, mantenham seus trapos, digo uniformes, longe do
manto alvinegro.

Levem suas bolas dente de leite, seus piões, pipas, bonecas.

Saudosistas do mundo, é chegada nossa vez!

p.s: à juventude modernosa-moderninha, digira bem a próxima moda,
vomite-a e passe para a próxima.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Reflexões

Você é?
Faz?
Ou já fez alguém feliz?
Ou  será que sua única preocupação é ser dono do próprio nariz?

Você já parou pra pensar naquilo que sempre quis?
Se um beijo daqueles na chuva
Ou ter a mente cheia de ardis

Você já parou pra pensar no que gostaria de ser?
Alguém que é chamariz de tudo
Ou alguém que sabe perder e vencer

Você já parou pra pensar?
 nem tudo é como parece ser
A escuridão não pressupõe tristeza
Nem as lagrimas pressupõem “o sofrer”

Você já parou pra pensar
Em que situação você pediria bis
Se na  grande subida da Bolsa
Ou ao ganhar um buquê de flor-de-lis

Você já parou pra pensar
Em que poesia gostaria de fazer
Alguma que fizesse sentido de verdade
Ou alguma que só te fizesse vender

Você já parou pra pensar
que amor você gostaria de receber
Um que te deixa livre, liberto
Ou um que só faz te prender

Você já parou pra pensar
O que tanto você quer ganhar
Carro, casa, viagem
Ou uma serenata em noite de luar

Você já parou pra pensar
Por mais que isto canse
É necessário fazer
Pra por as coisas em ordem
E fazer a vida a pena valer.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Psicologia de botequim

Nesses dias voltei à ativa


Fui ao meu lugar de leveza, bebi uma gelada, tomei banho de mar, deixei a brisa me levar, resolvi te ligar...


Estava precisando de um tempo pra mim, é, pois é...

Tenho lido demais, estudado demais, tenho tratado meu atual momento como uma batalha, tenho tentado transformar meu espírito em algo mais guerreiro do que ele já é, tenho afastado os sentimentos leves que por ventura pudessem me “desvirtuar”

Vesti-me de uma armadura que me faça andar sem medo, com a faca entre os dentes, sedenta pela vitória, virando noites até a exaustão, maltratando a coluna e a tendinite...

Peço desculpa àqueles que afastei: uns com razão, outros desarrarazoadamente. Aqueles que afastei só digo uma coisa: Amo vocês, pois aqueles que não amo nunca estiveram próximos.


Sim, sinto saudades, até de mim. Sinto falta de conversar comigo, de ouvir um som, de olhar nos olhos do amor que mandei embora, de ver o sol se por nas dunas do litoral oeste.


Eiê, gosto de me psicologizar, texto sem nexo e nem deu pra rimar. Parece psicologia de botequim, escrita na mesa de bar, usando o guardanapo , escrevendo com a caneta emprestada pelo graçom


Os acontecimentos dos últimos meses foram pesados, tulmutuados, mas tudo foi necessário, talvez tenha havido um pouco de excesso, mas tu bem sabes, não sei ser pela metade.

Eu quero sempre além, necessidade de provar algo você me diria. Não, não. Minha insegurança ainda persiste, mas já sou o orgulho de tanta gente que hoje não preciso provar nada pros outros. Pra mim talvez, quero sempre mais, mas hoje é um objetivo de cada vez.

Sempre descontente, reclamona tu diria, mas acredite: hoje reclamo bem menos que cinco anos atrás e amanhã serei bem menos reclamona que hoje. Auto-crítica eu diria, no dia em que eu desejar parar de mudar, nesse dia terei morrido. Detesto a rotina apesar da segurança que ela me traz, não consigo fazer projetos que durem mais de dois anos, a não ser que o plano inclua você.

Confie em mim, as coisas darão certo e em breve você entenderá o sentido de tudo!

p.s: te amo!

sábado, 7 de agosto de 2010

Poetas são patetas

Veja bem, olhamos tudo ao redor com olhos que ficam saltitando pra fora do rosto, e o brilhozinho que eles emanam, ora! Coisa mais boba... Coisa mais linda...
Tudo que é motivo vira jeito, tudo que é jeito se distorce, se contorce, cai na tinta e valha-me Deus, vira rima, vira verso...
E é Verso sobre noite, sobre lua, sobre mar, é tanto verso que tudo que aparece dá vontade de rimar.  Às vezes a rima não sai, mas o que vale na verdade é a intenção, aí sai um verso entrelaçado, poesia desregulada tal qual o pensamento de poeta quando a rima não lhe vem. Ê "classezinha" que vê poesia em tudo: em ônibus lotado, em fim da relação...
Poeta é cabra safado, anda sempre na contramão.

"Ora essa, eu e minha mania de rimar, detesto isso, vou pegar uma viola e fazer repentes na praça".

Poetas são todos patetas, erram na cronologia, erram na história, depois acertam os ponteiros e fazem a volta do jeito certo. As malas estão sempre prontas, amarrotadas de sonhos e cheias de razões, todas tolas diga-se de passagem. O Salário pouco, as contas, a pia entupida, o divorcio, é tudo parte do submundo, versos sublinham tudo.

Continuamos? Ou basta para a nossa triste sina de poetas?

Sina de ver beleza ou tristeza em tudo... Sina de passear por entre carros com olhos esbugalhados, querendo tirar  poesia de onde não tem... Se bem que poesia existe em todo canto! Meu eu-lírico que é mais crítico, só gosta de caviar e vinho tinto. Mas eu, poeta, pateta convicto, vejo poesia nos mendigos, nas minhas agruras, no meu tédio, até nas silhuetas das mulheres que desejo, nas sombras das árvores, no movimento dos életrons, na intelecualidade dos que ja se foram. Vejo poesia nas amargas desilusões, pra isso não existe remédio.
Enxergo sim, meu olhos tem selos poéticos, pupilas dilatadas em sonetos, cílios que rimam descaradamente... O eu-lírico faz pose, faz bico, quer refinamento, mas o pobrezinho não vence uma - Poesia vem  do que é simples - acaba por ceder ao charme pateta, e convence-se que nasceu desse jeito: pobre, coitado poeta.


Por Lívia Queiroz e Lorena Silva

sábado, 17 de julho de 2010

A visita do eu-lírico







-Lei complementar 75, Dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União. Art 1º : O Ministério Público da União, organizado por esta lei Complementar, é instituição permanente...

- Putz, mas tu tá chata ein

-Hein, onde, como é que é?

- Aqui sua concurseira bitolada, o eu-lírico, lembra-se?

- Sim, como não, como esquecer da sumidade da arrogância e prepotência, a que devo a sua ilustre visita?

- Eu não agüento mais esse lance de concurso, abandonou o blog, não escreve mais, só pensa em Constituição, em direitos sociais, na organização do Mpu, em licitações...

- Puxa, tá por dentro hein, me diz aí as modalidades de licitações pra ver se tu tá afiado

- Me poupe  né, vim pra abrir teus olhos, tua mente, dar uns toques...

- Sim grande mestre, sou toda ouvidos

- Deixa de ser irônica pô. Escrever é hábito, daqui uns dias não escreverá nada mais que preste. Nem ler você lê mais. E to falando de literatura, um monte de livro que compraste estão aí empoeirados. Nunca mais foste à praia... Só quer saber do MPU

- Pensa pelo lado bom cara. Depois que passar, tirarei férias numa praia paradisíaca e escreverei textos picantes regados a tequila. Tu gosta de tequila?

- Nem beber tu bebe mais, criatura.

- O corpo fica lento depois da ressaca, não rendo nada, preferi cortar...

-Mas voltando aos escritos, e se tu num passar nesse MPU?

- Vai zicar pra lá cara, passarei.

- Certo, gostei da determinação. Agora prometa-me que não relegará os escritos, que escreverá pelo menos uma vez por mês. Sinto falta do Lugar de Leveza.

-Oxe,tu num dizia que os textos de lá eram água com açúcar

- Na falta de camarão a gente se acostuma com salsicha...

- Como é que é?

- Ah meu Deus, os concursos te imbecilizaram mesmo...

 -Opa, menos, bem menos criaturinha minúscula. Vou fazer uns  versos pra ti, só pra te provar que não deixo de “escrever” nunca. Penso sempre em textos, mas eles se perdem no vento, no ônibus, no chuveiro, no banco, o tempo inteiro.


Eu - lírico camarada
Não faça confusão
É só uma temporada
Logo volto, terás versos em profusão

Eu-lírico agoniado
Não te perturbes assim
Logo faremos textos vários
A loucura está perto do fim


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Recortes














2 de maio

Ontem foi o ápice, catei minhas coisas, pus na mochila preta e surrada e dei adeus. Espero que pra não mais voltar

3 de maio
Ele apareceu hoje aqui na casa de mamãe, pediu desculpas, disse que me quer de volta. Mandei ele pastar, que fizesse o favor de me esquecer

4 de maio
Apareceu outra vez, trouxe flores e bombons  que eu delicadamente joguei na lixeira. Trouxe um cd do Mayer, deixou rolar Slow dancing in a burning room propositalmente.

5 de maio
Não tem permissão pra entrar aqui, não minha, mas mamãe quer que voltemos:"é um bom marido minha filha e casamentos não se acabam por bobagens".

6 de maio
Fui trabalhar, parei no bar da esquina, tomei café, conheci Pedro, trocamos números de telefone.

7 de maio
Não suporto mais que Fernando ainda pense em voltar. É um cretino completo. Porque descasar é tão mais difícil que casar? Não quero passar o resto de minha vida assistindo temperatura máxima domingo a tarde

8 de maio
Levei Pedro pra casa. Dormimos juntos. Ele pelo menos não é tão cretino quanto Fernando. Certamente Fernando era menos cretino que o anterior e assim por diante. Manias de comparação

Fernando entrou no quarto, bradou, chorou, questionou: Que significa isso, Maria Claudia? Quem é esse homem?

- Ora meu querido, casamentos não se acabam por bobagens, apenas achei um motivo justo.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

O poeta




O poeta fez troça do natural
Cansou-de tudo que era insosso
Banhou-se com sal

O poeta duvidou dos conselhos
E o muro pulou
Espreitou o que tinha do lado de lá
Explorou...

O poeta duvidou do bom senso
Amou
Deu as costas ao consenso
Voou


Fez festa e revolução
Plantou jasmim
Colheu flores, fez serenatas
Alegrias sem ter fim

O poeta quis ser mais intenso
E  jurou:
“amor justo e verdadeiro”
Se encontrou

Caminhou fagueiro
Correu sereno

Distribuiu calor

Achou-se e perdeu-se em braços morenos
Transpirou

Era só risos e certeza
 Delirante

Era só lua e mar
 Lancinante

Foi deveras voraz e faminto

E cansou...

Pulou o muro de volta
Suspirou

Voltou com o jasmim branco debaixo do braço
Murchou...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Ceará, tua glória é lutar!

Esse é um texto escrito por torcedores alvinegros. A idéia  de um texto motivacional que fosse entregue aos jogadores do Ceará foi concebida num momento pós-derrota, em que muitos ainda estão com a cabeça quente.

Parabéns ao Hallan Cunha pela idéia do texto e a Talita que foi fundamental para dar corpo e vida a essa idéia.

Orgulho de ser alvinegro. Bora Vozão!


Em um determinado momento da vida, podemos pensar que está tudo acabado. Que chegou o fim e que o trabalho que foi construído e conquistado com garra, com suor e com superação, foi desperdiçado e que é impossível reverter tal ocorrido. Chegamos a nos perguntar: “E agora?”. Somente um coração pulsante e verdadeiramente ALVINEGRO tem a resposta para esta pergunta.


É olhando para arquibancada e vendo aquela imensa torcida em PRETO E BRANCO que temos a certeza de que ainda não chegou o fim. A “guerra” apenas começou. O Castelão vira um famoso coliseu aonde gladiadores participam de grandes lutas contra feras temidas. Em cena o EXERCITO DE GLADIADORES ALVINEGROS comandados por um verdadeiro General. Ao pisarem no gramado terão uma difícil luta a vencer, mas sabemos que o MEDO não é nosso companheiro. Somos sempre destemidos, corajosos, fortes, temos sangue quente correndo em nossas veias por sede de vitória.


Domingo! Temos outra batalha marcada contra uma fera. E o EXERCITO ALVINEGRO que representa esse imenso povo que só existe em prol de uma ÚNICA PAIXÃO chamado CEARÁ, entrará em campo vestindo a armadura PRETO E BRANCO, tendo como escudo uma massa ALVINEGRA e como espada o grito vibrante que faz temer o mais destemido dos seres humanos.



Por Hallan Cunha, Talita Pitombeira e Lorena Silva.

sábado, 13 de março de 2010

O vestibular e o namorado surpresa.

Saudades do mundo do blog, tentando voltar aos poucos. Correria danada, vida de concurseiro né mole não. Perdão aos parceiros blogueiros pelo sumiço, sinto faltas de escrever e principalmente de ler os escritos de vocês.

Espero estar mais presente nos proximos meses, pelo menos vou tentar.Abraços de leveza.
_______________________________
Tinha 18 anos, estava na faculdade: farras, festas, bebida e claro, pouco estudo. Assim era minha vida no primeiro ano da faculdade de Música. Pois é, pra desespero geral da família eu escolhi Música, deixando os antepassados, papa-manuais de Direito, de queixo caído.

Estava namorando Camila, colega de faculdade que depois de muito tempo conseguiu me livrar da obsessão por Catarina. Depois da última vinda dela à Recife, episódio em que trouxe o namorado mala e mauricinho, eu resolvi criar vergonha na cara e desencanar. Tive relações despretensiosas até encontrar Camila. Namoro firme.

Catarina vinha à Recife prestar vestibular para Medicina, ia fazer em São Paulo e aqui. Sabia que ela era inteligente e passaria nos dois e obviamente escolheria São Paulo. Não sei o porquê de vir para cá. Até acho que sei: me atentar, ver se ainda exercia algum poder de sedução por esse babaca que vos escreve. Foi numa tarde de domingo no MSN que ela me comunicou: “chego aí em 10 de dezembro, vou fazer vestibular pra UFPE”.

Meu coração palpitou, o idiota, eu, ainda gostava dela, não conseguia me desligar por completo, falávamos sempre, mas eu ia tocando com Camila. Ela, Catarina estava solteira, havia um ano.
Chegou numa tarde de sexta, fomos a praia. Camila havia viajado para o Rio, encontrar os pais que moravam lá.

Catarina estava encantadoramente linda, ainda mais magra e formosa. Uns olhos miúdos escondidos pelos óculos de grau. Usava um vestido azul turquesa e ria como quem não via o mar a séculos. Pedi uma cerveja e ouvi ela pedir um refrigerante.

Por instantes esqueci-me da obsessão que sentia por ela e só conseguia lembrar das brincadeiras dos tempos de meninice, da alegria tola das crianças que se comprazem com um simples sorvete, banho de mangueira ou volta de bicicleta.

- Eu vou voltar pra Recife Tinho. Não aguento mais Sampa não.

- Como assim?

- É isso mesmo. Cansei daquela cidade doida, além do que...

- O que tem mais?

- Eu conheci uma pessoa em Sampa, ele é daqui de Recife, estamos namorando há 8 meses...

- Como assim? Você nem me contou

- É, na verdade ninguém sabe, nem papai e mamãe. Mas vamos fazervestibular pra cá e assim que passarmos viremos embora, dividir um apartamento.

- Sei. Que bacana

- Também tô feliz, vou voltar pra cá, pra perto dos meus verdadeiros amigos.

Enquanto dizia essas palavras apunhaladoras, a infeliz segurou minha mão e lançou-me um sorriso safado cheio de doçura. Vontade de deixar ela sozinha e ir embora, de abrir o jogo, de beijá-la, de xingá-la, tudo ao mesmo tempo. Mas fiquei parado, inerte, olhando pra ele sem dizer nada.

-Sim, mas agora vambora neh Tinho, tá ficando de noite já.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Mania


Mania que eu tinha de versar
Inventei de fazer prosa
E a rima achou de escassear

Mania que eu tinha de poetizar
Inventei de ceder à rotina
E vi  o verso pouco a pouco cessar

Mania que eu tinha de todo dia escrever
As obrigações foram se amontoando
E vi a inspiração arrefecer

Mania que eu tinha de buscar perfeição
Hoje me deparo com versos de araque
Que me deixam em lamentação

Mania  de tanto me cobrar
Se deixasse tudo fluir
Acho que era mais fácil “desencantar”

Mania de pressa  e ligeireza
Que a inspiração volte logo
Pra acabar com essa tristeza