Esssa chuva que escorre com calma. Lava o corpo e alivia a alma... Alivia? Uma angústia meu peito contagia. Mas que diacho. Eu adoro chuva, que aflição besta agora me ataca? Sem graça, eu devia estar cantando “raindrops keep falling on my head”.
De repente eu penso que se tivesse limões faria uma caipirinha. Penso que se eu fosse Drummond ...diria que essa chuva põe a gente comovida feito o diabo. Mas sou apenas uma poeta popular. E isso já é uma paráfrase. Salve meu bom Baleiro. Nem original consigo ser com essa chuva tão comovente, torrente...
Chuva assim dessas...Deixa a gente emocionado...Se pelo menos você, moço desavisado, estivesse do lado...
Eis que vejo a mais triste das constatações de uma madrugada de segunda insistentemente insone: Estou só, no frio, e nem tem casaco que tem jeito. Apenas resolveria tua mão sobre o meu peito. Mas que remédio que há. Só estou e, às três da manhã, só hei de ficar.
Faço que vou te ligar, pelo menos tua voz vou escutar. E tentar o frio e a solidão aplacar. Eis que irrompe um trovão. E desisto da ligação. Ela não resolveria. Apenas resolveria, tua mão na minha mão. Ruídos vêm do quintal. E eu nessa noite sem graça. Noite sem sal
Vou pro computador. Tento escrever. Não resolveu. Apenas resolveria teu corpo juntinho ao meu.Volto pra cama e fecho os olhos. Outro trovão, mas que noite ingrata. No bar da cozinha tem um conhaque. Já me vejo secando a garrafa. Mas penso que também não há de resolver. Só resolveria minha mão tocando você.
Penso em matar esse texto. Que nem é triste, nem é erótico, talvez estrambótico. Parou no meio e sem resoluções. Numa noite de frio e solidões.