sábado, 25 de outubro de 2008

De repente




Desejei envolvê-lo num enlace
Tão logo o vi
Tão juvenil ele era
Que senti vontade de uma serenata debaixo da janela

E inverter os papéis
E mandar-lhe flores
E dizer-lhe que ao meu lado não sentiria mais dores
E não choraria pelos falsos amores

Tão belo e comum ele era
Que chegou a me espantar
E de tão repentino foi tudo
Que eu me pus a duvidar

Tudo que chega correndo
Logo logo se vai
Tudo que vem sem ser sereno
Leva tudo e não volta atrás

Mas tão belo ele é
Que a dúvida já passou
E eu me perco no olho dele
Olho mais encantador

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Tudo é mutável





"Nada é impossível de mudar
Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar."

Bertolt Brecht

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Lutando com tubarões




Quando fiz esse blog, disse que ele ia ser um lugar de leveza, nada de assuntos estressantes, entediantes, nada de convicções político-partidárias, nada de militancias, nada que pudesse abalar a leveza. minha primeira greve veio e dissipou muitas das certezas que tive ao criar esse blog. é preciso não só leveza, mas firmeza também. firmeza que em mim estava adormecida, talvez devido aos desencantos com a politicagem. mas não dá pra calar diante de tanta sacanagem, leveza também se conquista lutando.

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Não sou muito de repentes
Mas não dá pra continuar
Do jeito que a coisa vai
Não tem como ficar


Esses tubarões do banco
Não querem negociar
Ficam em cima do muro
Pra nossa greve desmontar

Desde o inicio dos tempos
A historia é assim
Sempre se trava uma luta medonha
E o mais forte ganha no fim

Agora é um tal de dissídio
Que querem fazem a gente engolir
Molham a mão do seu juiz
Pra fazer a gente desistir

Então de cabeça baixa
O bancário volta pro trabalho
Sem ter o que pediu
E com cara de otário


Mas tem o que fazer?
A pergunta que não cala
Não vamos retroceder
Desse jeito nunca falha

Podemos não conseguir o que se pede
Mas nós teremos lutado
Não teremos a dignidade merecida
Mas não voltaremos como derrotados


Temos que boicotar
Tanto lucro exorbitante
E a gente que faz esse lucro
Nem é olhado pelo banqueiro arrogante

E assim a vida segue
O que temos a fazer é grevar
Até que venha o Trt
E mande a gente se ferrar

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Lua


A lua. Nem sei quantas vezes sentei a frente do computador pra falar dela. O satélite mais bonito, a beleza mais singela. Lua que encanta poetas, e cantores, que inspira malucos e amores.
Lua cheia em especial me fascina, do alto imponente, propõe cada coisa indecente. Lua amarela soberana faz a gente querer sair por aí, levar uma vida cigana.
Quando ela surge ainda no céu cinza-alaranjado da cidade, êta que felicidade. Quando ela lá do alto do céu faz a gente esquecer o escarcéu, a buzina e o caminhão, a loucura e a confusão.
Parece uma figura cortada suavemente a mão, tamanha a perfeição. Parece uma colagem no céu, esperando, esperando tudo ficar azul, pra então brilhar num céu cheio de estrelas.
E brilha na cidade, e brilha no interior, e brilha na beira-do-mar e ouve tantas juras de amor. E brilha sem nada pedir, e brilha nos dando tanto. E brilha pra sempre brilhando, dando de graça tamanho encanto.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cansaço

Cansaço
Às vezes bate um cansaço na gente
Que atrapalha a alma
E a mente

Cansaço
Faz a gente querer desatar o laço
E dizer
Até mais, aquele abraço

Cansaço
Vontade de terminar o jogo
De dizer segue em frente
Vai atrás do “algo novo”

Cansaço
Parece que de um sono a gente desperta
E a cabeça que tava cambaleando
Vai ficando mais esperta

Cansaço
Sensação de que é preciso sair da apatia
Soltar fora o que não presta
Guardar só a alegria

Cansaço
Vontade de acabar a brincadeira
Jogar debaixo da cama a bola
Pegar as coisas e ir embora

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O mundo não vai acabar.





A Bolsa cai
Em São Paulo
Tóquio
Em Xangai

O mundo parece que vai desabar
É correria, é blá blá
Dizem até que o crédito vai acabar

Os bancos vão quebrar
É cada qual com profecias
Nem dá pra acreditar

Vai ser uma quebradeira geral
Tipo efeito dominó
Todo mundo vai se dar mal


Vai ser tipo um crash
Guarda logo o que tu tem
Vê se tu não esquece...


Isso tudo é paranóia
Medo de quê?
Caos é uma pinóia


O mundo não vai acabar
Não é a quebradeira de banco gringo
Que vai sua vida afetar

A ganância é a grande culpada
Gente ambiciosa
Se meteu nesta encrenca danada

Mas de lá eles hão de sair
A vida é assim mesmo, altos e baixos
A isto chamam evoluir

Desligue a tv, esqueça o dólar e as cotações
Não guarde dinheiro no colchão
Cultive as boas emoções

Desgraça vende
Se multiplica
Não ligue pra elas
Segue tua vida


O crédito, quem liga pra ele?
É apenas desnecessário
Faça suas economias
E terás o necessário

Quando a Globo te assustar
Vier falar em recessão
Corre pra beira-do-mar
Beber cerveja e comer camarão

Quando as revistas disserem
É o caos
Passa pra prateleira ao lado
Pega uma Coca e um halls ...

Rima mais tola
Diante de uma crise boboca
Não dá trela pro economês
Esse povo não se toca

Tudo vai fluir
As pessoas vão se amar, vez por outra discutir
E o dinheiro, esse nunca vai sumir

Quer um conselho?

Se tiver um dinheiro sobrando
Vai de Vale e Petrobras
Daqui hás uns cinco anos vais ter dinheiro mais que sobrando
E deixar essa paranóia toda pra trás.