quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Pequenos conflitos do dia-a-dia

Porque ela é tão linda? Tão perfeitamente e encantadoramente linda? Esse rostinho, esse sorriso meiguinho, esse jeito docinho. É tudo tão inhozinho que me irrita. Porque ela não pode ser mais humana e real? Ela podia ser grosseira comigo e me mandar a puta que pariu. Aí sim eu ia tem motivos pra esquecer ela... Ou quem sabe amá-la-ia mais



- Oi Fê, tá tão caladinho hoje?



Ta vendo, lá vem ela com esses apelidinhos e diminutivos, lá vem ela me deixar maluco.



- Quer dar uma volta, vamo na praia ver o pôr-do-sol?



Ah Deus, me livre dessa perfeição, desse visgo que me sufoca. Faz com que essa mulher me irrite, me maltrate, pelo menos uma vez na vida faça com que ela me dê um motivo para ter ódio.



- Que cê ta pensando? Vem ou não?



- Não posso. To ocupado.



- Não to vendo você fazer nada



- To pensando Camila, me deixa.



- Não, você ta maior jururu do mundo. Vem comigo. Vou te deixar alegre.



- Te amo Camila.



-Eu também tonto.



-Não, você não ta entendendo. Te amo daquele jeito que faz as mãos suarem e o estômago revolver. Queria te ver dormir e acordar. Queria ser a metade imperfeita que se encaixa perfeitamente na tua perfeição. Eu queria ser os palavrões quando você é a polidez. Eu queria ser o roqueiro maluco quando você é a filhinda da mamãe. Eu queria ser humano quando você parece de faz de conta.. Você é a perfeição que me irrita, me desassossega. Você me deixa num estado de nervos maluco, a qualquer momento pareço que vou ter um ataque com os teus diminutivos e dizer: Te amo droga.



- Não sei o que dizer



- Eu sou o maluco porra louca. Esculhambado, sou mesmo só o Fezinho teu amiguinho. Que tem que escutar teus inhos até que um dia você passe desfilando com algum mauricinho.



- Péra aí também. Você vem do nada e diz que me ama. Me joga essa bomba assim no colo. E quer que eu diga o quê?



-Não sei



- Nem eu



- Bobeira minha. Vou embora.





Saio. Eu saio com a lembrança daquele sorriso, daquele olhar que me dilacera e sufoca. Parece que tudo que vem dela gruda em mim. Parece um visgo, um musgo. Parece que não vou ter paz, nem os carinhos dela. Parece que só me resta contemplar a perfeição, a discrição e singeleza dela. Só me resta esperar que um dia ela desfile na minha frente com o primeiro mauricinho babaca e impensante que apareça.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Minha alma canta

Minha alma canta
E tudo o que vejo não é um alguém ou lugar
É a sensação de bem estar
De confiança no que vai chegar

Minha alma canta
Uma canção singela
Dessas que falam de paz e natureza
De amor e beleza

Minha alma canta
E esqueceu-se de cantar a tristeza
Agora só canta pureza
Agora só canta a vontade de se en(cantar)

Minha alma canta
E é bom que a alma cante
Porque ela diferente de mim não desafina
E se desafina nem liga, porque é tão menina, que pra essas coisas nem liga

Minha alma canta
Nas partidas e chegadas
No amanhecer e de madrugada
Sonhando e até mesmo acordada

Minha alma canta
E cantando se liberta
Esquece de um tempo em que eu malvada que era
Insistia em deixar ela sufocada sem poder cantar

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Cada vez mais

Não consigo parar de pensar
Tuas mãos em minha cintura
Tua barba em meu pescoço roçar

Não consigo parar de querer
Na beira do mar sob as estrelas
Juntinhos, colados, só eu e você

Não consigo parar de esperar
Que tudo se endireite
Pra que em meus braços você possa estar

Não consigo parar de te amar
A cada dia mais forte
Sem que eu precise me esforçar

O que não consigo entender
Se o mundo dá voltas
Porque não posso te esquecer

Acho que esse mundo é dado viciado
Roda, roda e dá sempre o mesmo resultado
Feito eu que caminho sem te esquecer
O mundo dá voltas e sempre me encaminha a você

Sentimento verdadeiro
Que eu pensei fosse ligeiro
Foi aí que me enganei
A cada dia de ti mais gostei

Antes pensava ser só atração
Pura tolice
Isso é mais que mera paixão

Vontade de te ver dormir
E acordar
De poder teu sono velar

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Por você

Por você eu gritaria
Deixaria de lado a timidez
Faria serenata e sonata
Me declararia de vez

Por você eu me exporia
Deixaria de lado a discrição
Mandaria buquê e sonho de valsa
Cantaria pra ti com paixão

Por você eu pararia
O transito inteiro da rua
Declamaria o mais belo soneto
Só pra dizer que sou tua

Por você eu viraria
Mulher de um homem só
Desejando todos os dias
Viver com você o bom e o melhor

Por você eu casaria
Dividiria minha vida e minha cama
Suportaria rotina e cobrança
Só pra ouvir do tu dizer que me ama

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O dia em que as cervejas brotaram do chão

Sim. Todo mundo já viu brotar muita coisa do chão: feijão, milho, melancia, árvores inúteis que só servem pra derrubar folhas e sujar o chão. Bem, se bem que não há árvore de todo inútil. Tem sempre a tal da sombra e o ar bom. Inútil é um monte de gente imprestável que tem por aí. Mas isso é outra história. Essa historia é daquele dia em que as cervejas brotaram do chão.

Eu não to maluco nem bêbado. To pra falar a verdade até bem sóbrio. Bebi menos que o de costume. Só meia garrafa de uísque e uma cinco latas de cerveja. Isso pra mim é ficha. To acostumado a beber a mesma quantidade de líquido que inundou a Terra no dilúvio. Sim, exagero. E por falar em assuntos religiosos eu achava que a historia da cerveja brotando do chão era milagre.

Eu que sempre disse que não queria nada além de umas cervejas e imaginação pra escrever boas coisas. Na verdade só queria mesmo as cervejas porque a imaginação vinha a toda depois da 2ª latinha.

No dia em questão a droga da cerveja tinha acabado e eu tava mais duro do que a droga da arvore seca que chacoalhava lá fora. Só me restavam uns cigarros e a inspiração vadia tinha pulado a janela e ficava gozando com a minha cara do lado de fora. Daria tudo por uns goles a mais de cerveja naquele dia. Fazia um calor dos infernos, típico daquela época.

Resolvi dar umas voltas pra afastar o calor. Então eis que vejo no terreno baldio umas garrafas de cerveja. Devia ter umas 10 garrafas. Quando me aproximei pra ver melhor vi que tinham algumas cobertas por terra, quase enterradas. Devia ter umas 50 garrafas ao todo. Não entendi nada. Já tinha visto de tudo na vida, mas cerveja brotando do chão era a primeira vez. Esquisito. Achei que tava ficando velho demais e que já não dava conta de beber sem ter alucinação. Por via das dúvidas peguei as danadas das cervejas, arranjei uma sacola e levei tudo pra casa. Quando voltei ao terreno pra pegar o resto parece que a quantidade tinha multiplicado. Levei de novo tudo o que consegui carregar. Sempre pensando: tomara que não pare de brotar.


Toda noite era assim. Lá ia eu buscar as cervejas. Foi um tempo feliz. Bebia noite inteira, escutava musica e escrevia até o amanhecer. De vez em quando quanto estava metido a poeta levava uma bela pra casa e bebíamos até não mais puder. E eu sempre pensando: que Deus me abençoe e o milagre nunca cesse.

Então uma noite lá ia eu cantarolando levando a sacola de plástico pra trazer o liquido dos deuses, quando eu vi. Havia no terreno baldio um caminhão despejando garrafas de cerveja. Estava desvendado o milagre. Milagre uma ova. Era o mercado da cidade que tava despejando ali as cervejas. Compraram em grande quantidade por conta do calor dos últimos tempos. Sabiam que em épocas assim a cerveja vendia mais que carne, pão ou leite. Só que os infelizes tinham comprado as cervejas perto das danadas vencerem. Saia mais barato claro. Agora estavam fora do prazo. E a solução mais pratica: virar a esquina e jogar tudo fora. Os desgraçados. Fiquei com tanta raiva naquela hora. Porque sabia que uma hora elas não viriam mais. Ia acabar a moleza, as noites alegres. Então viriam os bicos, os trabalhos pesados pra descolar um troco pras cervas.

Até hoje espero por um novo milagre, uma nova onda de calor e pra que o burros filhos da mãe comprem de novo um monte de cerveja perto de vencer. Pelo menos mal nunca me fez e ainda rendeu esta historia tão idiota quanto quem acreditou que um dia cervejas pudessem brotar do chão.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Esse nó que não desata
Antes fosse laço
Mas é nó cego
E me faz perder o compasso


Há tempos que tento
Fazer uma ponta pela outra escorrer
Mas o nó é bem atado
Dificil desfazer

Até hoje me questiono
Como tanto isso pôde enroscar
Sem saber onde termina
Sem saber onde vai dar

Uma tesoura até seria capaz de resolver
Mas então as duas partes ficariam dilaceradas
Tanto eu quanto você