sábado, 11 de julho de 2009

A volta




Fazia dois anos que não a via. Desde que ela fora embora pra São Paulo com a família tudo que tínhamos era a internet, as fotos trocadas, os telefonemas fortuitos. Eu sentia uma saudade absurda dela.

Eu estava com 17 anos, momento vestibular prestes a entrar em minha vida.por enquanto era farra, festa, música.
Catarina tinha 16 e era de novo a menina doce, tímida e discreta que me cativara desde a infância. Tinha perdido a rebeldia dos 14 anos, esquecera o cigarro e o riso desbocado. Ainda bem, eu pensava. Tinha inventado de arrumar um namorado. Vê se pode? Eu fiquei furioso mas disse meio sem jeito pelo telefone: “ Ah, que bacana, traz ele quando vier”. Porque eu disse aquilo? A asneira mais absurda que um ciumento podia dizer. Eu queria mais é que este sujeito sumisse sem deixar rastros, que fosse abduzido, seqüestrado e mandado pro Azerbaijão. E ela: “Ah, ele vai sim, pode deixar”.
Eu esperava, é óbvio, que o namoro acabasse antes das férias de fim de ano chegar. Estava certo que ela viria passar férias aqui em Recife com a família. Eu mal podia esperar. Planejava roteiros, fazia novas composições: eu deixara o violão de lado e começava a mostrar bastante intimidade com a guitarra e a gaita. Ia pelo lado blues, o que deixava meu pai entusiasmado e risonho feito tonto.

Foram meses de espera incontida. Da confirmação da viagem até a data marcada foram sete longos meses. E eu riscando dia após dia no calendário, coisa mais estúpida, coisa mais apaixonada. E pra minha felicidade geral, o namoro terminou dois meses antes da viagem. Catarina ficou arrasada e eu e a consolei com um riso escondido dentro do peito.

Chegariam numa tarde de dezembro. Dia dois, uma sexta. Catarina me avisara uma semana antes: “Nem precisa se incomodar de ir ao Aeroporto. Tio Carlos vai buscar a gente”. Eu iria assim mesmo.

Tomei banho, escovei os dentes, peguei as flores e fui ao Aeroporto. No ônibus lotado, haja cuidado pra não desmontar o buque. Cheguei lá e não vi o tio Carlos. Vôo das duas. Êta duas e meia, três horas. O vôo tava atrasado, ê novidade. O vôo chegou, de olho grudado no portão de desembarque. E nada do irresponsável do tio Carlos. Pego o celular e ligo pra ele.

- Ow seu Carlos. É o Tinho. O vôo da Catarina já chegou. O senhor não vem não?

- Ow Tinho, ela não chega hoje não. Eles remarcaram o vôo, Catarina fez as pazes com o namorado. Ele vai vir também , mas agora só na semana que vem.

8 comentários:

Livia Queiroz disse...

Caracaaaaaa

Não se rio ou se choco!
Coitado do moço.
To aqui imaginando ele com o telefone na mão, o buquê na outra e cara de não sei o que ao saber da notícia!


Ah parceira, como você é máááá! rsrsrs

kbritovb disse...

putz q foda ta xonado é assim msm

Juliana disse...

Olá vim agradecer seu comentário, o primeiro no meu blog novo! E que surpresa boa encontrei aqui!
Não há duvidas q vc nasceu para escrever, tens um dom notável, textos muito bem escritos e ainda alia com belas imagens: amei!
um grande beijo e um bom fim de semana!

Kaos Kotidiano disse...

nooosaa, que frustração mais medonha, até eu me frustrei!!!!
Porem é mais ou menos isso, alimentar amores demais sem ter uma certeza concreta, cai mais ou menos nessa maxima de sempre se frustrar ao virar a esquina ou na fila do pão, quando se encontra o tal casal, ou mesmo a paixão platonica adquirida
em tempos de crise ounão hehehehhe

Adorei ler isto pela manhã, ajuda a não fantasiar demais alguns casos...

beijo e até!

Adri. disse...

Saudade dói, dói dói

Belo texto, viu

PArabéns

Ai a paixão tem dessas coisas....

bjo

Rê Thuler disse...

Ai que triste.
Nossa, adorei seu blog.
Uma graça.
Mas essa historia ai... de partir o coração hein.

Alias, estrou retribuindo a visita no meu blog.

beijoos!

Simone disse...

Ai tu e tuas histórias! Que triste!!! Estava tri empolgada lendo e de repente...

- Potuz, esqueci que os textos dela são sempre assim!

E sempre me pegam né... Coisa séria! Mas muito bom o texto, né! Precisa dizer?

Beeeijo

Carla P.S. disse...

Quase senti a dor do moço.
Shits happened.
Beijos, e um vinho.