sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Acaba

Acaba

Olha só, lá estava eu, maldizendo-me da sorte, queixando-me dos achaques do coração, rogando contra os céus, espraguejando, chorando feito Madalena arrependida, jogada na vala dos esquecidos, perdida no beco dos desconsolados, chorando miséria, brigando com o mundo, fingindo desdém, catando vintém, maltratando até neném.

Olha só, lá estava eu odiando você, rasgando os versos, cutucando a ferida, fingindo não encontrar saída. Olha só, lá estava eu diante da porta sem ver a passagem, pensando ser vertigem ou viagem ou miragem aquilo que era verdade. Olha só eu ali, verde, verde, principiante, iniciante, cheia de uma intensidade ultrajante, delirante, lancinante. Extremista até não poder mais, achando que o sofrimento só tinha o que crescer, retroceder jamais.

Olha só, lá estava eu contando os dias, meses e anos, olhando a lua cheia, querendo tocar piano, tomando um scotch e dizendo “tomara que ele volte”. Olha só quanta confusão, eu lá achando que era pra sempre, que nunca ia acabar. Olha só eu lá, me vejo pedindo pro sentimento não acabar, orando pra sobrar uma nesga, um resquício, um rascunho, um tiquinho, um rabisco que fosse, pelo menos uma letra, um “A” do amo.

Ligeiramente vejo-me lá, e hoje consciente e não tanto displicente ou imprudente. Nem tanto adolescente, nem combalida por desejos frementes. Hoje vejo e constato a mais pura e mais simples verdade, a mais pueril e brejeira, a verdade primeira, incontestável e insofismável: acaba.

5 comentários:

Livia Queiroz disse...

Olha só...
E cá estou eu lendo e repensando no que tenho vivido e o quão "adolescentes" foram meus pensamentos de meses atrás...
Lembrei-me então de uma musica de Ivan Lins e Vitor Martins que a Simone interpreta belissimamente:

"ATREVIDA

Estou mais atrevida
Mordaz e ferina
Estou cheia de vida
Sagaz e ladina
Já não sou mais a mesma
Respiro outros ares
Navego outros mares
São tantos olhares
Convites, sorrisos
Eu gosto, eu preciso, pois é...
Que ficou impossível não ver
Mudei de você
Por isso me esqueça...
Virei a cabeça

Nas noites mal dormidas
Rezava seu nome
Olhava na janela
Chorava seu nome
Mexia em sua roupa
Gemia seu nome
Morria de sede
Subia as paredes
Me amava sozinha
Você não me via, pois é...
Que ficou impossível não ver
Mudei de você
Já não me inicia
Já não me arrepia

Estou mais atrevida
To cheia de vida
Você não me provoca
Nem quando me toca
Agora eu tenho é fome
De homem que seja feliz"

Depois que a fase das nuvens passa, a gente põe os dois pés no chão e diz: Num é que acabou?? rsrsrsrsrs


P.S.: Brigada pelo comentario lá no blog, pois eh, um pokim de malinagem de vez em qndo dá um saborzinho especial! hauhauhauhua

beeeeijo parceira!

Giovanna disse...

aah , obrigada pela visita , poris é, eu sei, até que concigo conviver pacificamente come la, sheuhsuheuhsheuh'
valeeu, gostei do bloog :)

beeijos ;*

Milla disse...

O pra sempre sempre acaba.
Mas as lembranças ficam, e temos de conviver com elas no nosso dia a dia.
Isso não acaba, e quando dizemos que o amor vai ser pra sempre, pode nao ser o sentimento em si, mas o momento em que vivemos.
Você se lembra do que aconteceu.
Acabou, mas continua em você, como resquicios de uma lembrança, uma tarde nostalgica. Uma recordação.

Bjs!!

Simone disse...

Lindo demais! Me identifiquei. Escuta, você escreve poemas pra mim? Haha, brincadeira.
beijos

Sr.F disse...

Que bol voltar aqui e ler mais um post extramamente agradavel. Muito bom seu texto,novamente, muito gostoso de ler.

Finalmente fiz a continuação da estória que postei faz mais de um mês...Se puder dá uma passada lá, abraços!

www.oblogdosrf.blogspot.com