sábado, 8 de agosto de 2009

O jantar





Troquei cumprimentos rápidos e polidos com os novos vizinhos e subi ligeiro. Já que não havia jeito, fui me trocar. Estava com vontade de esganar mamãe. Era bem o estilo dela, não dei ouvidos quando ela disse: ” vamos lá visitar os vizinhos”. Então ela pega e joga os vizinhos dentro de casa na surdina. Só pra me afrontar.

Tomei banho, vesti saia jeans e camiseta, desci. Embaixo estava o Caio cheio de conversê com mamãe, parecia da família já. Como ele era metido. Só faltava abrir a geladeira sem pedir licença, abrir uma cerveja e sentar com os pés em cima da mesa. Não duvidaria se fizesse isso. Garoto exibido, o típico adolescente pavão. Mamãe ria e adorava tudo que ele dizia. Não entendi nada, ela sempre é chata, inclusive com o Gui.

Eu, tudo que eu queria é que aquele tormento passasse logo. O que eu sentia vendo o Caio bem ali? Desconforto. Uma coisa era ser a neurótica e ficar vigiando os passos do garoto. Outra coisa bem diferente era tê-lo bem ali, olhando pra mim, me provocando, chamando atenção. Eu não queria e não podia dar bandeira.

- E você Isabel, ansiosa pelo inicio das aulas da faculdade?

A pergunta de Caio me tirou do estado absorto em que eu estava. Meu cérebro não conseguia processar nada, foi a pergunta dele que me tirou do transe.

- É, to sim.

- Eu me preparo pra medicina desde o pré-escolar. Rsrs. Não é assim que dizem? Que aspirante a medico tem que estudar desde pirralho. Venho de uma família de médicos e quero me especializar em neurologia. Entender os caminhos do cérebro. E, você?

- Cardiologia.

- Hum, quer entender os caminhos do coração.

Que trocadilho infame, digno de um adolescente estúpido.

- Bel, Caio tava me contando da coleção dos Beatles que ele tem. Vai lá um dia ouvir. A Bel adora Beatles, Caio.

Eu realmente não entendia mamãe, parecia querer me doar numa bandeja pro vizinho novo, será que tinha reparado que eu tava afim?

E ele: medicina, Beatles. Eu o imaginava num baile funk ou micareta dançando do lado de uma popozuda. Estava chocada.

Assim transcorreu o jantar, entre amenidades e meus choques: o garoto era bom, gostosinho e bom, inteligente, tocava gaita. Você conhece alguém que toque gaita? Alguém com algo de alma blues?

foi o nosso primeiro contato e o moleque de cara derrubou uma das minhas justificativas pra não me permitir gostar dele. Menos inteligente que eu ele podia até ser, porque garotos são todos tolos, mas estava longe de ser pit boy descerebrado. Restavam duas justificativas: era pirralho e tinha o Gui. Até quando se sustentariam? Não sei.

[Continua]

5 comentários:

Carla P.S. disse...

Tô adorandooo!

Livia Queiroz disse...

Ahahahahah

Eis a confusão formada!
Vamos ver até quando ela suporta e até quando o GUI vai ser a bola da vez...
As aparência enganam, Bel, ô se enganam! hauhauhaua

Simone disse...

Ahá! Já era o Gui! ehuaheuahe espero ansiosamente os próximos fatos...

beijos!

Anna Vitória disse...

Comecei a ler agora, mas super adorei!
beijos

Rafael Ayala disse...

Eita Lorena!
Negócio tá bom demais.
Tô gostando muito, muito ( eu e todos os outros né?). É fazer a leitura e ter um sorriso no rosto na mesma hora.

A Bel (olha a intimidade) tem um medo danado de estar gostando do cara né? Defensiva demais, demais. Tem traumas ela? Alguma coisa assim?

E eu faria o mesmo trocadilho heeheheheh.
As aparências enganam, né? Todo mundo sabe disso, na verdade, enganam Às vezes, em algumas ocasiões o negócio é bem diferente...

Gaita? Eu te disse que tenho uma gaita? Tenho sim, ganhei de um amigo meu que escutou eu falando qeu um dia queria aprender a tocar. Mas é bem simples ela, quase de brinquedo... Mas vou ver se aprendo alguma coisa pra te mostrar heehehhe.

E contunemos, cada vez mais.
Bjoos e abraços!
=]