sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O dia em que as cervejas brotaram do chão

Sim. Todo mundo já viu brotar muita coisa do chão: feijão, milho, melancia, árvores inúteis que só servem pra derrubar folhas e sujar o chão. Bem, se bem que não há árvore de todo inútil. Tem sempre a tal da sombra e o ar bom. Inútil é um monte de gente imprestável que tem por aí. Mas isso é outra história. Essa historia é daquele dia em que as cervejas brotaram do chão.

Eu não to maluco nem bêbado. To pra falar a verdade até bem sóbrio. Bebi menos que o de costume. Só meia garrafa de uísque e uma cinco latas de cerveja. Isso pra mim é ficha. To acostumado a beber a mesma quantidade de líquido que inundou a Terra no dilúvio. Sim, exagero. E por falar em assuntos religiosos eu achava que a historia da cerveja brotando do chão era milagre.

Eu que sempre disse que não queria nada além de umas cervejas e imaginação pra escrever boas coisas. Na verdade só queria mesmo as cervejas porque a imaginação vinha a toda depois da 2ª latinha.

No dia em questão a droga da cerveja tinha acabado e eu tava mais duro do que a droga da arvore seca que chacoalhava lá fora. Só me restavam uns cigarros e a inspiração vadia tinha pulado a janela e ficava gozando com a minha cara do lado de fora. Daria tudo por uns goles a mais de cerveja naquele dia. Fazia um calor dos infernos, típico daquela época.

Resolvi dar umas voltas pra afastar o calor. Então eis que vejo no terreno baldio umas garrafas de cerveja. Devia ter umas 10 garrafas. Quando me aproximei pra ver melhor vi que tinham algumas cobertas por terra, quase enterradas. Devia ter umas 50 garrafas ao todo. Não entendi nada. Já tinha visto de tudo na vida, mas cerveja brotando do chão era a primeira vez. Esquisito. Achei que tava ficando velho demais e que já não dava conta de beber sem ter alucinação. Por via das dúvidas peguei as danadas das cervejas, arranjei uma sacola e levei tudo pra casa. Quando voltei ao terreno pra pegar o resto parece que a quantidade tinha multiplicado. Levei de novo tudo o que consegui carregar. Sempre pensando: tomara que não pare de brotar.


Toda noite era assim. Lá ia eu buscar as cervejas. Foi um tempo feliz. Bebia noite inteira, escutava musica e escrevia até o amanhecer. De vez em quando quanto estava metido a poeta levava uma bela pra casa e bebíamos até não mais puder. E eu sempre pensando: que Deus me abençoe e o milagre nunca cesse.

Então uma noite lá ia eu cantarolando levando a sacola de plástico pra trazer o liquido dos deuses, quando eu vi. Havia no terreno baldio um caminhão despejando garrafas de cerveja. Estava desvendado o milagre. Milagre uma ova. Era o mercado da cidade que tava despejando ali as cervejas. Compraram em grande quantidade por conta do calor dos últimos tempos. Sabiam que em épocas assim a cerveja vendia mais que carne, pão ou leite. Só que os infelizes tinham comprado as cervejas perto das danadas vencerem. Saia mais barato claro. Agora estavam fora do prazo. E a solução mais pratica: virar a esquina e jogar tudo fora. Os desgraçados. Fiquei com tanta raiva naquela hora. Porque sabia que uma hora elas não viriam mais. Ia acabar a moleza, as noites alegres. Então viriam os bicos, os trabalhos pesados pra descolar um troco pras cervas.

Até hoje espero por um novo milagre, uma nova onda de calor e pra que o burros filhos da mãe comprem de novo um monte de cerveja perto de vencer. Pelo menos mal nunca me fez e ainda rendeu esta historia tão idiota quanto quem acreditou que um dia cervejas pudessem brotar do chão.

6 comentários:

Livia Queiroz disse...

rsrs qndo li o titulo imaginei um monte de latinha de cerveja brotando mesmo do chão...rsrs

Sou Idiota neh?? aff

Pow adoreiiiiiiii seria mto bom s uns babacas fizessem isso aki perto de casa, hehehehe

aaaaai aaaaaai tomara q um dia isso aconteça comigo tb!!!

Geovani Martins disse...

Concordo plenamente com você cara, cervejas e inspiração são como café e Cigarro!
Sempre caminhando juntos! \o/

Lucas Oliveira disse...

uahsuhaushua

mto bom


Lucas de Oliveira

Lucas disse...

Ótimo!!!

Muito bem escrito. E a história é ótima!

Escreves muito bem. :}


Até alí;

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

Há sim, Lorena, uma metáfora em tudo isso. Há sim, por trás das velas dessa não, o vento que eu sopro. Enfim ... agora já pro meu comentário:

E não é que a gente bebe e as coisas fluem?
Como já diria um provérbio romano:
NO VINHO, A VERDADE.

Sr.F disse...

Nossa, se existisse isso eu me dedicaria a ser acricultor pro resto da vida, nem ia precisar vender nada. ia ser tudo para consumo próprio, rs,