segunda-feira, 17 de maio de 2010

O poeta




O poeta fez troça do natural
Cansou-de tudo que era insosso
Banhou-se com sal

O poeta duvidou dos conselhos
E o muro pulou
Espreitou o que tinha do lado de lá
Explorou...

O poeta duvidou do bom senso
Amou
Deu as costas ao consenso
Voou


Fez festa e revolução
Plantou jasmim
Colheu flores, fez serenatas
Alegrias sem ter fim

O poeta quis ser mais intenso
E  jurou:
“amor justo e verdadeiro”
Se encontrou

Caminhou fagueiro
Correu sereno

Distribuiu calor

Achou-se e perdeu-se em braços morenos
Transpirou

Era só risos e certeza
 Delirante

Era só lua e mar
 Lancinante

Foi deveras voraz e faminto

E cansou...

Pulou o muro de volta
Suspirou

Voltou com o jasmim branco debaixo do braço
Murchou...

2 comentários:

Simone disse...

... mas viveu! Ah, como o poeta viveu!

Rafael Ayala disse...

Caramba, sem palavras.

Tu faz uma falta danada por aqui, de verdade!

Não há versos como o teu.

Aqui é mesmo o lugar de leveza, não tem como não passar por aqui e não ficar melhor.

Beijos e abraços!!
=]