quinta-feira, 3 de abril de 2008

Dias cinzas

Sempre achei cinza uma cor fascinante. Dias cinzas sempre me pareceram mais bonitos que dias de sol. Eu esperava feito doida pelas águas de março. Pelo inverno raro.

Eu ficava no peitoril da janela, vendo a chuva cair, perdida no cinza, a pensar na vida. Menina ainda, com uma melancolia já presente, melancolia que parece não querer soltar minha mão nunca.

Vez por outra eu mudo, pareço querer me adaptar à aquarela, ao colorido, aos dias azuis. Vez por outra eu insisto em dizer que gosto mesmo é dos dias de sol.

Mas não se pode fugir por muito tempo da essência das coisas. Quisera eu puder fugir da minha essência cinza. Do gosto pelo cinza de fora. Deste cinza que insiste em não deixar o colorido vencer aqui por dentro.

Cinza que parece ganhar matizes de preto com certas declarações, decisões, com certas frases e gestos. Com certos silêncios e palavras. Com certos desencontros e encontros estabanados.
E lá vou eu de novo. Tentar pintar com os tons de cinza, com as cores possíveis.

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